São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Termina o embargo dos EUA contra o Vietnã

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, suspendeu ontem o embargo comercial contra o Vietnã estabelecido em 1975, após a retirada dos últimos soldados americanos de Saigon. A decisão atende às pressões de empresários receosos de perderem um dos mais promissores mercados da Ásia para os seus concorrentes do Japão, Taiwan, Hong Kong, França, Austrália e Reino Unido.
Assessores próximos de Clinton temem os efeitos políticos do fim do embargo. Entidades de veteranos da Guerra do Vietnã se opõem a ele sob o argumento de que o Vietnã não tem cooperado o suficiente para localizar soldados americanos desaparecidos na guerra.
Clinton, que na juventude se opôs ao envolvimento militar dos EUA no Vietnã e evitou ser convocado para lá servir às Forças Armadas, se reuniu com representantes dos veteranos logo após o anúncio de sua decisão, com o objetivo de minimizar a oposição.
No anúncio de sua resolução, ontem às 17h locais (20h em Brasília), o presidente disse que houve "significativos progressos" na colaboração do governo do Vietnã para localizar corpos de soldados americanos e determinar o destino de militares desaparecidos em ação e que continua "pessoalmente comprometido" em fazer com que esses progressos continuem.
Ele tem a cobertura política do Senado, que na semana passada lhe recomendou a suspensão do embargo em votação que terminou em 62 a 38. Seis dos oito senadores que lutaram no Vietnã apoiaram a medida.
Várias grandes empresas americanas, como Coca-Cola, Pepsi-Cola, Boeing, General Electric, Kodak, Citibank, Bank of America e Digital já iniciaram contatos para realizar negócios no Vietnã e têm representantes em Hanói ou na Cidade de Ho Chi Minh (ex-Saigon).
O Vietnã tem população de 69,7 milhões de habitantes. O PNB, de cerca de US$ 17 bilhões, cresceu 7,5% em 1993 e as previsões para este ano são de aumento de 8%. Seus principais produtos são aço, têxteis, arroz, borracha e café. Em 1989, o governo comunista anunciou um plano de reformas para tornar a economia mais dirigida para o mercado. A inflação caiu de 400% anuais em 1988 para 17% em 1992. As importações cresceram 31% em 1993.
Um porta-voz do Departamento de Estado, Michael McCurry, disse que o reatamento de relações diplomáticas entre os EUA e o Vietnã "está fora de questão agora". Ele enfatizou que a decisão do embargo se esgota em si e não há a intenção de, pelo menos a curto prazo, ampliá-la.
Os EUA mantêm apenas um pequeno escritório diplomático em Hanói e em 1993 abriu missão militar para acompanhar as investigações do Vietnã sobre os desaparecidos. Uma agência em Hanói para ajudar os empresários americanos no Vietnã vai ser aberta em breve.

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