São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Senador usa três tipos de revólver

DO ENVIADO ESPECIAL

A sonolência do plenário me leva a buscar novas emoções. O endereço certeiro é o gabinete 27, do senador Ney Maranhão- talvez o único parlamentar com coragem suficiente para ser uma espécie de sátira de si mesmo. As paredes da sala dele são decoradas com fotos, matérias e charges de jornal. Incluindo uma onde ele aparece com orelhas de burro.
"Meu fiô, psiu, só num pode me chamar de ladrão, corno e frango. O resto pode", avisa o repórter. Desmente a sua fama de cangaceiro violento, mas faz questão de abriu a pasta 007 sobre a mesa para mostrar os seus anjos da guarda. O senador usa três tipos de revólver. No Recife, nunca sai de casa sem o Magnum 44 Anacon. "É desses que aqueles bichim do cinema usam para estourar carro de bandido", esclarece. Para Brasília, Maranhão prefere um Colt 38. "Levezinho e fácil de puxar daqui", diz manipulando a arma na frente do repórter. Será que o revólver está carregado?. "Ôxi, psiu, meu fiô, revólver descarregado não tem serventia", ri da pergunta desnecessária. E ainda tem um calibre 32. "Esse aqui é para dar tiro em amigo", completa a exposição do seu arsenal particular.
"O senhor ainda acredita no Collor?", mudo rápido o rumo da prosa. O senador vai até a janela e, inesperadamente, cola o ouvido no ar-condicionado. "Meu fiô, escuta aqui... Psiu, tá escutando esse silêncio? Isso é o Collor (o senador pronuncia "Cólo")! Antes, isso era uma porqueira barulhenta, depois dele tudo mudou", explica sua metáfora. A geo-política de Ney Maranhão vai ainda mais longe. Ele avisa sem meias palavras: "esse Congresso tá mais sujo que bunda de pato. Só um louco pode salvar esse país."

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