São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994 |
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Para Ipea, pressão eleitoral impede ajuste
FRANCISCO SANTOS
Para Eustáquio Reis, 46, "há uma certa ingenuidade, ou cinismo, da equipe econômica sobre o que são pressões eleitorais". Segundo ele, historicamente há uma expansão dos gastos públicos em anos eleitorais. Segundo o economista, mesmo que haja uma intenção firme do governo central de conter os gastos, ele dificilmente conseguirá impedir que eles cresçam "capilarmente", através de Estados e prefeituras, seja pelo caminho da contratação de obras sem recursos garantidos, jogando-se o problema para o futuro, seja pelo caminho da contratação de empréstimos juntos a bancos estaduais. Eustáquio Reis teme que ocorra este ano um fenômeno semelhante a 1990, com uma fuga dos investidores dos títulos públicos para ativos reais (imóveis, bens de consumo duráveis e outros), dificultando a rolagem da dívida pública e gerando um crescimento em ambiente de descontrole. "Em 89 tivemos um crescimento de 4% com a economia toda descontrolada." Na simulação publicada pelo Ipea, mesmo com o descontrole inflacionário, a economia cresceria 2,7% em 94, "puxada" por ganhos reais de salários gerados por uma "superindexação". Como não haveria um ajuste fiscal efetivo, seria insustentável manter os juros elevados, estimulando mais ainda o consumo. Curiosamente, a taxa de crescimento econômico em ambiente de descontrole inflacionário seria bem próxima dos 2,9% que se registrariam, de acordo com a simulação do Ipea, caso o ajuste fiscal se concretizasse e a âncora cambial derrubasse a inflação. Mas os economistas advertem que, enquanto no primeiro caso a inflação estaria em queda, chegando a 17,1% no quarto trimestre, no caso do descontrole o que viria em seguida seriam "medidas radicais de ajustamento", à semelhança de 1990, jogando a economia em "recessão profunda". A análise ressalva ainda que a projeção de inflação de 51% no final do ano em caso de descontrole, deve ser vista com ceticismo, porque simulações em computador não têm como prever "comportamentos econômicos explosivos". Texto Anterior: Economia dá marcha à ré no 1.º semestre Próximo Texto: Grupo traça três cenários Índice |
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