São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Especialistas recomendam juros e ações

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os investimentos, à exceção do dólar e do ouro, devem trazer ganhos para os aplicadores. É uma rara oportunidade. Existe consenso que as Bolsas vão seguir em rota de alta e os juros continuarão apetitosos. A recomendação dos especialistas, porém, é para que a composição se altere um pouco: reduzir a parte que está aplicada em ações e aumentar o quinhão da renda fixa.
Segundo David Gotlib, diretor da Distribuidora Linear, a composição inverte para 40% em ações e 60% para títulos em renda fixa. "Antes era o contrário", aposta. "Como nós achamos que a possibilidade de ganho das Bolsas é de mais 15% até junho, é melhor reduzir a participação em ações na carteira."
Segundo Celso Scaramuzza, diretor financeiro do Unibanco, os juros reais continuarão altos e crescerão mais ainda na fase de transição da segunda para a terceira fase do Plano FHC. "Os juros vão ser bem superiores durante a evolução do programa", afirma. "Será um freio de mão que o governo não pode soltar." Para Ricardo Braga, diretor financeiro do Citibank, o juro alto se justifica: "Se não derruba a inflação, também impede que suba mais."
"As perspectivas também continuam boas para as Bolsas", acrescenta Walter Kuroda, diretor de planejamento do Nacional. "Vale a pena porque os estrangeiros estão direcionando recursos para o Brasil pensando no longo prazo. É por isso que a Bolsa não caiu ladeira abaixo na semana passada."
O pensamento dos especialistas tem a ver com os cenários que eles estão traçando. Parece enroscado, mas eles apostam que a primeira fase do Plano FHC, a mais difícil e que compreende a votação do ajuste fiscal pelo Congresso, conseguiu ser cumprida. "O ajuste não será aquele que o ministro quer, mas também não vai prejudicar o destino do plano", analisa Ibrahim Eris, ex-presidente do Banco Central.
"A verdade é que o modelo teórico do Plano FHC, daqui para a frente, é simples", acrescenta Eris. "E esse programa vai dar certo. Aliás, qualquer um daria nas circunstâncias atuais. Só que ele não tem chances para 97, pois o ajuste fiscal é de curto prazo e não duradouro. A possibilidade real da estabilização está na mão da revisão."
Segundo Paulo Mallmann, diretor financeiro do Banco BMC, os preços devem subir na fase de acomodação da economia à URV (Unidade Real de Valor). "Pode subir mas não dá preocupação, pois será uma elevação por encurtamento de prazo e não por mais demanda", diz.
Ele acha que o Plano FHC avança porque o país tem condições melhores. "Nunca se aplicou um programa de estabilização com a economia tão bem", afirma Mallmann. "Nossas reservas, por exemplo, dão para 13 meses de importações. Os problemas da transição para a URV serão amplificados, vai exigir pulso forte do governo, mas tem tudo para dar certo."(NH)

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