São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zagueiro Embé prevê Camarões 'ambicioso'

ESPECIAL PARA A FOLHA

A chegada do camaronês David Embé a Portugal, no começo de dezembro, foi uma das histórias mais rocambolescas do futebol português em 1993. Depois de dois dias treinando no Belenenses, de Lisboa, foi levado por um empresário para o Braga.
Ficou em isolamento durante mais dois dias até assinar um contrato pelo Braga, também da primeira divisão. Agora, Embé, de 20 anos, tem dois contratos na Federação e tornou-se o centro de uma disputa entre os dois clubes, que querem contar com a sua capacidade de sair rapidamente do meio de campo para o ataque e levar perigo para o gol adversário.
Até agora Embé só jogou uma vez no Campeonato Português, tendo entrado no segundo tempo contra o Famalicão, num jogo em que marcou o gol da vitória. Segundo os dirigentes do Belenenses, o único ponto que ele precisa melhorar é o jogo aéreo.
*
Folha - A seleção de Camarões foi a surpresa da Copa de 90. O que mudou na seleção que vai jogar nos Estados Unidos?
David Embé - Já houve muitas mudanças. A seleção de 1994 não é a mesma que a de 90. Nós temos agora uma equipe jovem, ambiciosa, que quer ganhar. Temos a experiência de 90, dos jogadores que deram o máximo para ficarem em quinto lugar naquela Copa do Mundo.
Folha - Qual é a base do time?
Embé - Principalmente os jogadores que estiveram em 1990 e o goleiro Bell, que não jogou na última copa. O Makanaky, o Maboang, que joga no Rio Ave da segunda divisão portuguesa, o Omam-Biyik e o Pagal.
Folha - A Copa de 90 abriu o mercado europeu para os jogadores dos Camarões. Como você vê isso?
Embé - Em 1990 já havia muitos jogadores de Camarões na Europa, especialmente na França. É verdade que com o Mundial de 90 uma nova geração explodiu. Esperamos ficar numa boa colocação em 1994 para que surja mais uma nova geração.
Folha - A Copa de 90 mudou alguma coisa no futebol de Camarões?
Embé - Após o bom resultado de 1990, compreendemos que o futebol vale a pena, é uma profissão como todas as outras e muita gente optou por jogar futebol. Foi o meu caso.
Folha - Que pensa do grupo de Camarões?
Embé - É um dos mais difíceis.
Folha - O que você achou da forma de jogar do Brasil nas eliminatórias?
Embé - É um grande time. O futebol da América Latina é do mesmo tipo de jogo que temos em Camarões.
Folha - Você está há apenas algumas semanas no Belenenses. Como sente a mudança para a Europa?
Embé - As diferenças estão principalmente em relação aos treinos e à forma de trabalho, que é mais difícil. Em nosso país não somos profissionais. Lá treinamos uma vez por dia. Aqui treina-se duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Na África jogamos pelo prazer. O jogo aqui também é muito mais rápido do que na África.
Folha - Você teve algum problema de adaptação, assim que chegou a Portugal?
Embé - O único problema que tive foi a língua. Agora eu já compreeenda um pouco quando as pessoas falam e em pouco tempo já poderei falar português.

Texto Anterior: Para russo, brasileiros não têm lado fraco
Próximo Texto: MITO; A FRASE; O PIOR;
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.