São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Efeito estufa é tese 'quente'

DA REPORTAGEM LOCAL

Não faltariam informações para "esquentar" a tese do efeito estufa, se fosse o caso. Na última quarta-feira, por exemplo, a Agência de Meteorologia britânica divulgou que a temperatura média global do ano de 1993 foi superior à média dos anos compreendidos entre 1951 e 1980. O acréscimo, de 0,22 graus Celsius, é no entanto pequeno demais para que se possa atribuí-lo ao aumento de gás carbônico na atmosfera provocado pela atividade humana.
"No momento, simplesmente atribuímos essas temperaturas à variabilidade natural de nosso clima", disse o porta-voz do serviço de meteorologia do Reino Unido, pátria das imprecações contra o mau tempo.
Transformar as limitações dos modelos e das pesquisas climáticas globais em supostas refutações do efeito estufa é no mínimo tão imprevidente quanto ir para a praia, no fim-de-semana, sem levar agasalho e guarda-chuva. Elas não foram ainda capazes de desfazer um consenso entre cientistas: "Todos os modelos indicam que o aumento de gás carbônico tende a provocar aumento na temperatura da superfície e mudar a circulação dos oceanos", diz Antonio Divino Moura, do Inpe.
Tanto é assim que já existe até um tratado internacional sobre mudança climática, assinado durante a Eco-92, no Rio, e recentemente ratificado pelo Congresso Brasileiro. Indiferentes ao rigoroso inverno europeu, diplomatas de todo o mundo estarão reunidos a partir de amanhã em Genebra (Suíça) para debater como se pode pôr em prática as recomendações do documento, em especial a polêmica redução das emissões de gases-estufa.
Um painel de cientistas dos mais variados países assessora o comitê negociador, e periodicamente revisa tudo que se pesquisou sobre o tema. A última revisão se deu em 1992 e o efeito estufa continuou de pé.
Um bom apanhado da discussão, em linguagem compreensível para o leigo, foi recentemente publicado pela organização não-governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza), sob o título "Some Like it Hot" (título tomado de empréstimo a uma famosa comédia com Marilyn Monroe, Quanto Mais Quente Melhor, no Brasil). Quem se interessar pelo livro deve procurar a sede da WWF em Gland, Suíça (fax 0041-22 / 364-5358).

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