São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Porco Gaguinho é o personagem mais antigo

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os personagens citados por Stephen Gould pertencem à família da Warner Bros., o estúdio mais criativo da história dos desenhos animados. Pode não ter produzido obras que caem com tanta facilidade no gosto popular como Disney, nem erguido um império televisivo como Hanna e Barbera, mas foi a Warner que revolucionou o desenho nos anos 30 e 40.
O estúdio da Warner começou em 1930, empregando gente saída da empresa de Disney. Embora tenha feito alguns de seus melhores desenhos sem personagens fixos, o estúdio só foi decolar a partir de 1936 com o porco Gaguinho (Porky Pig), o primeiro de uma linhagem de tipos muito populares.
O dínamo da Warner era Tex Avery, produtor, roteirista, desenhista e criador de muitos personagens clássicos –embora seja difícil dizer quem criou cada personagem, já que o estúdio era repleto de gente criativa que trabalhava em frenéticos "brainstorms".
Em 1938 veio o Patolino (Daffy Duck), pato maluco criado para torrar a paciência de Gaguinho e Hortelino Trocaletra (Elmer). Em 1940, surgiu o maioral da casa, Pernalonga (Bugs Bunny). Cool até a medula, Pernalonga deita e rola em cima dos ranzinzas Gaguinho, Hortelino e o caubói Eufrazino Puxabriga (Yosemite Sam).
Pernalonga fazia o tipo debochado que sempre se dá bem, no estilo do Picapau (Woody Woodpecker, criado nos estúdios de Walter Lantz). O gato Frajola (Sylvester) e o passarinho Piu-Piu (Tweety) repetiam a fórmula de Tom e Jerry (de Hanna e Barbera). A grande fórmula original da Warner veio em 1948, com Coiote (Wile E. Coyote) e Papaléguas (Road Runner).
O cérebro alucinado de Chuck Jones criou os planos mirabolantes do Coiote para pegar o Papaléguas, construindo engenhocas com produtos Acme. Jones celebrizou a montagem que mostra primeiro as caixas vazias de cada equipamento, para depois mostrar o negócio pronto. Naquele instante entre as imagens, a mente do espectador viajava, tentando saber o que o Coiote está fazendo com, por exemplo, um elástico gigante Acme, uma bigorna de 500kg Acme, um par de patins Acme...
No fim dos anos 60, a Warner parou de fazer os curtas para cinema e dirigiu a produção para a TV. A qualidade caiu, com a aposentadoria de vários dos homens de criação da casa. O pique só foi recuperado em 1989, com ajuda de Steven Spielberg, que se associou à Warner para lançar a série "Tiny Toons", com a versão infantil de Pernalonga e seus amigos.

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