São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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ONU restringe a sua missão na Somália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu na sexta-feira à noite limitar sua missão de paz na Somália. O número de tropas foi reduzido e seu mandato para ação diminuído.
Em resolução adotada por unanimidade, o Conselho fixou em 22 mil o número máximo de homens da força de paz. Ao mesmo tempo, desistiu de tentar desarmar pela força as facções rivais somalis, que dificultam a distribuição de alimentos aos atingidos pela fome.
A decisão da ONU segue a tomada pelos EUA, de retirar seus soldados até 31 de março. A ONU já chegou a ter mais de 30 mil soldados na Somália. Segundo o secretário-geral da entidade, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, haverá não mais de 16 mil num futuro próximo.
Com a saída dos EUA, vários dos países da Otan (aliança militar ocidental) retirarão também seu pessoal da Somália, justamente as tropas da ONU melhor equipadas. Paquistão e Índia vão liderar os novos contingentes, com 5.000 soldados cada.
A retirada das tropas mais bem equipadas e a diminuição do contingente da ONU vão obrigar as forças de paz a contar com a colaboração das facções somalis para assegurar a distribuição de comida, conforme relatório de Boutros-Ghali, que orientou a decisão do Conselho de Segurança.
A decisão do Conselho de Segurança é mais uma pá de cal na operação "Restaurar a Esperança", lançada pelos EUA em dezembro de 1992. Na época, Washington acreditou que poderia impor a paz na Somália, país do nordeste da África onde mais de um milhão de pessoas estavam ameaçadas de morte por inanição. O objetivo imediato da operação era distribuir alimentos e encerrar a guerra civil, para depois tentar instalar um governo central representativo.
Durante a sessão do Conselho de Segurança, a embaixadora dos EUA na ONU, Madeleine Albright, declarou que os somalis devem arcar com a responsabilidade pela reconciliação nacional e reconstrução. "Deixe-me frisar que a paciência da comunidade internacional não vem de uma fonte inesgotável", disse.
A paciência dos EUA acabou depois da morte de 18 de seus soldados, em outubro passado. Os norte-americanos estavam empenhados na caça ao líder guerrilheiro Mohammed Farah Eidid, acusado de ser responsável por ataques que mataram 25 paquistaneses das forças de paz. Com as baixas, os EUA anunciaram um cronograma de retirada de suas tropas do país e que não mais caçariam Eidid.

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