São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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'Sérgio Macaco' morre de câncer aos 63

DA SUCURSAL DO RIO

O capitão-do-ar reformado Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, 63, o "Sérgio Macaco", morreu de câncer na noite de sábado, no Hospital Central da Aeronáutica (Tijuca, zona norte do Rio), onde estava internado. Ele foi o principal personagem do "caso Para-Sar", como ficaram conhecidas suas acusações, em 1968, sobre uma série de ações terroristas que teriam sido planejadas pelo brigadeiro João Paulo Burnier para acusar militantes de esquerda.
Sérgio Macaco morreu sem que o presidente Itamar cumprisse a sentença do STF (Supremo Tribunal Federal), de novembro de 1992, determinando sua reintegração à Aeronáutica no posto de brigadeiro da reserva. Ontem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) enviou telegrama ao presidente, solicitanto o reconhecimento da decisão do STF.
O capitão foi enterrado ontem à tarde, no Cemitério do Caju, zona norte, ao som do Hino Nacional cantado por cerca de 50 parentes, amigos e políticos do PDT, partido ao qual era filiado.
Nem o governo federal nem a Aeronáutica mandaram representantes oficiais ao velório, na capela do próprio hospital. O governador do Rio, Leonel Brizola (PDT), estava presente.
O "Caso Para-Sar" teria sido, segundo acusações feitas pelo capitão, um plano terrorista que incluía a explosão do gasômetro do Rio, localizado ao lado da estação rodoviária da cidade, na hora do rush, e o sequestro de 40 políticos, entre eles o ex-governador Carlos Lacerda e o general Olímpio Mourão Filho, que seriam jogados ao mar de um avião DC-3.
O plano, segundo o capitão, foi elaborado pelo brigadeiro João Paulo Burnier, chefe de gabinete do ministro da Aeronáutica Márcio de Souza e Melo (governo Costa e Silva), com o objetivo de culpar militantes de esquerda e justificar uma ação militar para eliminar "o problema comunista".
Em uma reunião no dia 12 de junho de 1968, Burnier teria encarregado os pára-quedistas da Para-Sar, sob o comando do capitão, de realizar as missões.Carvalho, que era conhecido como Sérgio Macaco por causa do seu trabalho pelo Para-Sar na selva amazônica, teria discordado da ordem e denunciou o plano. Burnier negou qualquer envolvimento.

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