São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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Novo livro sai em abril

DA REDAÇÃO

"Mr. Vertigo", o mais novo romance do escritor americano Paul Auster, traz a necessidade do autor de fugir do seu próprio modelo de ficção. Em seus livros existe uma espécie de tema recorrente: personagens que têm seu cotidiano transformado por algum fato inesperado. Uma suspensão da rotina seguida por uma total dissolução da vida cotidiana. Talvez não exista personagem mais típico da ficção de Auster do que Édipo. Alguém que vive uma angústia cortante e sem razão, e que necessita de uma ação do destino para restabelecer a ordem das coisas.
O que ele tenta com seu novo romance –que deverá ser publicado em abril, na Inglaterra– é redefinir a importância de um dos seus temas centrais: a idéia do acaso como determinante na vida das pessoas. "Acho que o acaso é apenas um dos elementos de que a minha narrativa é feita. Eu não gostaria de exagerar a importância disso. Há também muito desejo, medo e vontade nas minhas histórias", diz Auster.
No lugar do inesperado, o escritor acrescenta um elemento mágico. "Mr. Vertigo" conta a história de um garoto, na América do início dos anos 20, que possui o estranho poder de levitar. "De arrancar os pés do chão", conta Auster. "É uma coisa mágica que ele não consegue explicar. Ele apenas faz, levita. Provavelmente a coisa mais louca que já escrevi. Sinto que o livro escreveu a si mesmo. Um presente de Deus".
Mas a sua ligação com escritores como o francês Georges Perec ou o irlandês Samuel Beckett permanecem. Paul Auster ainda está preocupado com a linguagem e a narrativa. E, para ele, seu novo livro traz um aprofundamento necessário do trabalho anterior. "Até 'A Música do Acaso', sempre trabalhei com elementos dos contos de fada. Em 'Mr. Vertigo' acho que consegui algo inteiramente novo. Algo mais profundo que contos de fada. A mitologia." E dessa vez –promete Auster– sem que seus personagens tenham que enfrentar jogos com a sorte.

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