São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aprovação do fundo segura candidatura FHC

TALES FARIA; EUMANO SILVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A expectativa de aprovação do FSE (Fundo Social de Emergência) ontem pelo Congresso amarrou o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao cargo e criou um grande obstáculo à sua candidatura para disputar o Palácio do Planalto. Foi a partir dessa avaliação que os líderes dos principais partidos do Legislativo passaram a trabalhar pela aprovação do fundo.
Até mesmo as cúpulas do PSDB e do PMDB, reunidas antes da votação em almoço no Ministério da Fazenda, concluíram que FHC não tem mais discurso para deixar o governo e será cobrado pela opinião pública para permanecer á frente do Ministério da Fazenda.
No almoço, foi decidido rejeitar a proposta de se acabar com a desvinculação da Constituição de parte dos recursos para educação e habitação prevista no projeto do FSE. Àquela altura, os líderes dos principais partidos governistas já davam como certa a aprovação do FSE. "Acho que agora ele tem que ficar para gerir o plano", disse, depois do encontro, o líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS).
Simon expressava uma opinião compartilhada pelos demais participantes do almoço: os líderes do PSDB na Câmara, José Serra (SP), e no Senado, Mário Covas (SP), os líderes na Câmara do PMDB, Tarcísio Delgado (MG), e do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), o presidente do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), e até o governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB).
Na avaliação dessas lideranças, FHC só continuaria com a possibilidade de deixar o cargo para se candidatar à sucessão do presidente Itamar Franco, se até o final da noite o Congresso, apesar de aprovar o FSE, derrubasse as desviculações para educação ou habitação.
A cobrança da permanência do ministro no governo começou ontem no plenário do Congresso pelo presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, Guilherme Afif Domingos: "Seria a forma de o ministro mostrar coerência e apontar para o mercado com uma expectativa de estabilidade e de governabilidade."
"Ele não tem mais desculpa para deixar o cargo", arrematou o líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), ao concluir, antes da votação, que o FSE seria aprovado. Luís Eduardo é filho do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (PFL), que articula com o prefeito Paulo Maluf (PPR), de São Paulo, uma chapa conjunta à Presidência.
'Aprovar o FSE é a forma que os partidos de esquerda e de direita encontraram para amarrar o FHC ao cargo e destruir sua candidatura à Presidência", disse o deputado Paulo Delgado (PT-MG). O vice-líder do PMDB, Aloísio Vasconcellos (MG) emendou: "O PMDB tem que cobrar agora a permanência do ministro no cargo até o último dia do governo, enquanto articulamos uma aliança com o PSDB para a sucessão."

Texto Anterior: Dificuldade para acordo atrasa votação do fundo
Próximo Texto: Para STF, primeira emenda que for promulgada encerra a revisão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.