São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Clinton não quer mais 'ameaças vazias'

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que acabaram as "ameaças vazias" aos sérvios e que desta vez a possibilidade de bombardeios aéreos contra eles é para valer. Seus críticos afirmam que Clinton já disse coisa parecida no mês passado e há seis meses, quando a Otan aprovou pela primeira vez a possibilidade de ataques por ar contra os sérvios.
Na campanha eleitoral de 1992, Clinton atacava o então presidente, George Bush, pela inação dos EUA na ex-Iugoslávia. Dizia que a história já havia ensinado ao mundo, no episódio do nazismo, as consquências da timidez diante do genocídio. Mas desde que assumiu o poder, Clinton tem feito o mesmo que seu predecessor: muitas ameaças e nenhuma ação prática contra os sérvios.
Na reunião da Otan hoje em Bruxelas, os EUA vão apoiar proposta da França pela qual a aliançamilitar dá um ultimato para os sérvios desmontarem suas peças de artilharia que cercam Sarajevo se não quiserem sofrer bombardeios. Os EUA também vão apresentar um cardápio de outras alternativas de ações militares a seus aliados.
Mas os principais comandantes das Forças Armadas dos EUA ainda pensam como o ex-chefe do Estado-Maior Colin Powell, para quem qualquer envolvimento de tropas americanas na ex-Iugoslávia seria ruim. Os chefes militares do país acreditam que a guerra entre bósnios e sérvios será longa e os EUA não devem se alinhar com qualquer um dos lados.
Apesar do discurso, a importância que o presidente Clinton dá ao assunto fica evidente pelo seu comportamento: o massacre de sábado em Sarajevo não foi suficiente para alterar sua viagem ao Texas e Lousiana, para divulgar o Orçamento de 1995 e o plano nacional de saúde. Ele esteve ausente das reuniões de Washington sobre a Bósnia e foi informado do seu conteúdo pelo assessor de segurança nacional, Anthony Lake, que viajou para atualizá-lo.

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