São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Escolas desfilam para caçar patrocínio

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo mostra a partir das 19h de hoje o Carnaval da transição do estatal para o privado. Do Sambódromo, ampliado para quase 33 mil lugares, o desfile das 12 escolas do Grupo Especial será transmitido ao vivo pela Rede Globo, pela primeira vez, para todo o país. Emissoras de TV do Japão, Alemanha e Itália também vão cobrir a apresentação.
"Vai ser o Carnaval da virada", afirma David Raw, presidente da Anhembi Turismo e Eventos, a autarquia responsável pela organização do espetáculo. Segundo ele, o interesse da mídia despertou os dirigentes das escolas. O primeiro indicador: as agremiações estão gastando entre 20% e 50% a mais do que investiram no Carnaval de 93, segundo a Liga das Escolas de Samba. Quem nunca viu o Carnaval de São Paulo não deve esperar um espetáculo à altura do carioca. Os gastos de aproximadamente US$ 1,5 milhão não chegam a igualar o que investem três grandes escolas do Rio.
O Carnaval da transição anuncia o fim das verbas da prefeitura para as escolas de samba. Em 1996, começa a minguar a já escassa subvenção oficial, que hoje representa pelo menos 30% do orçamento de cada agremiação. Neste ano, a prefeitura deu US$ 700 mil para as escolas. Para 1995, essa mesma quantia já está reservada. No ano seguinte, a prefeitura quer "desestatizar" o Carnaval.
As escolas já começam a buscar parceiros na iniciativa privada. Com a transmissão pela TV, algumas vão estampar nomes de seus patrocinadores nos carros alegóricos. Duas escolas, a Rosas de Ouro e a Leandro de Itaquera, já estão trocando a estrutura patriarcal pela promissora organização empresarial. "O salto na qualidade do desfile vai atrair turistas e patrocínios de empresas", aposta Raw.
Os carnavalescos prometem surpresas neste ano. Efeitos "high-tech" vão aparecer na passarela do Anhembi. A Leandro de Itaquera, que fala da despoluição do Tietê, exibirá um carro alegórico que reproduz uma hidrelétrica. No lugar de água, gás néon. Junto com a Leandro, Unidos do Peruche, Gaviões da Fiel e Nenê da Vila Matilde dizem esconder segredos para enfrentar as tradicionais favoritas –a Camisa Verde e Branco (US$ 250 mil de investimentos), a Vai-Vai (US$ 200 mil) e a Rosas de Ouro (US$ 150 mil).
David Raw, da Anhembi, quer acrescentar "o charme e o status que o espetáculo precisa ter". Convidou "jurados VIPs", como o empresário Chiquinho Scarpa, um dos responsáveis pelo quesito comissão de frente. Billy Blanco, Zé Rodrix, Paulo Moura e Abelardo Figueiredo também estarão nos camarotes dos jurados. "Não temos técnicos em Carnaval. Optamos por uma seleção de pessoas de bom gosto", afirma Raw.
Artistas, atores globais e estrelas do futebol vão desfilar como destaques. A lista, sujeita a confirmação, inclui os nomes de Angélica, Eri Johnson, Alexandre Frota, Elza Soares, Rogéria, Evair e Viola. A maior ausência deverá ser a cantora Angela Maria, tema do enredo da Rosas de Ouro.

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