São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Rakam Tecidos prepara recurso contra requerimento de falência

MARIA ALICE ROSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rakam Tecidos terá depois do Carnaval o desafio de escapar da falência pedida quinta-feira na 24.ª Vara Cível de São Paulo por três de seus fornecedores. A empresa, com 26 lojas de tecidos em vários Estados, é concordatária há oito meses e vai contestar o processo para ganhar tempo e verificar se a cobrança procede."Se proceder, pagaremos. Temos o dinheiro", diz seu advogado, João Boyadjian. A dívida, parcialmente corrigida, não passa de CR$ 28 milhões.
A partir do momento em que receber a citação do juiz, a Rakam terá 24 horas para recorrer ou pagar o débito. Um dos credores, a N. Maldi, quer o fechamento da Rakam por causa do não pagamento, no dia 28 de janeiro passado, de CR$ 257.988,00. Para a Lette Textil Ltda, a Rakam estaria devendo desde 15 de setembro do ano passado CR$ 25.023.276,00 -valor corrigido até dia 9 deste mês. Já a Intergifts Comércio Importação e Exportação Ltda. cobra duas duplicatas: uma venceu em 17 de janeiro passado e é de CR$ 1.179.722,00. A outra, de CR$ 1.782.863,00, no dia 20 de janeiro.
Por ser concordatária a empresa poderá ter sua defesa dificultada caso as compras de tecidos tenham sido feitas depois de junho, quando começou a concordata. "Dívidas novas demonstram que a empresa está mal das pernas, apesar de ter dado início a um processo de recuperação", diz o advogado Elias Katudjian, há 34 anos trabalhando na área. Ele diz que a cobrança pode significar uma falta de tolerância, pode demonstrar que os credores chegaram ao limite, já que os valores não são tão expressivos.
Dificilmente essas dívidas foram contraídas antes de junho, pois prazo de pagamento de mais de seis meses com inflação tão alta é improvável. A Folha procurou a empresa, mas seus diretores não foram localizados. Para o advogado da Rakam a concordata, porém, pode ser uma aliada da defesa.
"Nesta situação todos os débitos são analisados e esses casos seriam examinados durante o processamento da concordata", diz Boyadjian. Ele diz que a empresa trabalha com dificuldades mas está se recuperando. "Não demitiu nenhum de seus 300 funcionários desde junho e tem todas as condições de se recuperar", afirma.
Criada há oito anos, a Rakam chamou de "fatídico" o ano de 1990 e de "plano assassino" o da gestão Collor no texto em que pediu para entrar em concordata.

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