São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Prost corre

FLAVIO GOMES

Todo começo de ano é a mesma coisa. A Fórmula 1 deixa no ar uma pergunta cuja resposta todos querem conhecer e entrega a nós, astutos especialistas no assunto, a obrigação de responder. Na temporada passada, você deve se lembrar, o dilema era: Senna corre ou não corre? Correu. Agora é: Prost corre ou não corre? Para que as pessoas parem de me atazanar com tal questiúncula, vou responder. Corre também.
Posso até cair do cavalo, mas dane-se. Tenho que apostar em alguma coisa e há algumas semanas dediquei esse espaço a uma torcida descarada pela volta do baixinho. Não tem problema se ele já se despediu das pistas. Está cheio de gente que volta atrás. Sílvio Caldas encerrou a carreira dezenas de vezes. Pelé, duas. Eu mesmo, ao final de cada temporada, prometo que a próxima é a última e entra ano, sai ano, estou lá, ouvindo barulho de carro e aguentando mau humor de piloto. Esse negócio de dizer que vai parar é um charme.
Claro que Prost está valorizando seu retorno. Ele também não é bobo. Se o novo carro da McLaren for um calhambeque ele vai usar o velho recurso de que tem palavra para não pilotá-lo. Foi só brincadeirinha, eu queria só ajudar o pessoal, vai dizer. Mas não creio que o MP4/9 seja essa bomba. Depois, se a McLaren tivesse outra opção, já teria dado alguma pista concreta sobre quem será o companheiro de Mika Hakkinen. Está sobrando pouca gente boa no mercado. Por incrível que pareça, se Alain decidir não correr, o lugar deve cair nas mãos do incansável Patrese. As alternativas de Ron Dennis não são as melhores.
A presença de Prost, porém, não altera em um milímetro meus prognósticos para 94. Em que pese o fato de a Ferrari ter feito um carro com cara de gente grande, de a McLaren ter renascido com o acordo com a Peugeot e de a Benetton estar andando barbaridade nos testes em Barcelona, a Williams continua favoritaça ao título porque tem a Renault e Senna.
Pode-se argumentar que a nova equipe de Ayrton vai colocar algumas pedras no caminho do francês, já que ele ainda tem contrato com a Williams. A quem acredita nessa possibilidade, um lembrete: Prost na McLaren é economia para Frank. Em vez de desembolsar US$ 7 milhões para o nanico ficar em casa, ele coloca essa grana na conta de Senna. Até ele, Ayrton, está torcendo por Alain nessa altura do campeonato. Esse mundo dá voltas, mesmo.

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