São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Sérvios dão armamentos para a ONU em Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes sérvios e o Exército da Bósnia começaram ontem a entregar algumas de suas peças de artilharia às forças de paz da ONU em Sarajevo. O general britânico Michael Rose, comandante das forças de paz em Sarajevo, se disse "razoavelmente satisfeito" com o cumprimento do cessar-fogo adotado desde anteontem na cidade, apesar de algumas violações isoladas, pelas quais responsabilizou "renegados" dos dois lados.
Funcionários da ONU disseram que os sérvios entregaram às forças de paz um canhão, um lançador de foguetes e pelo menos um morteiro em Lukavica, subúrbio de Sarajevo. O Exército (muçulmano) entregou três morteiros. As primeiras entregas ocorreram dois dias depois de a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) lançar um ultimato aos sérvios de que deveriam passar suas armas pesadas ao controle da ONU e retirar sua artilharia para uma distância não inferior a 20 km da cidade, ou sofrer ataques aéreos.
Há pouco menos de um ano, a ONU e a Otan fizeram ameaças semelhantes aos sérvios caso eles não desocupassem dois montes nos arredores de Sarajevo de onde eles bombardeavam a cidade, sitiada desde abril de 1992. Os sérvios iniciaram a retirada, mas interromperam o recuo quando ficou claro que a Otan não atacaria.
Desta vez, porém, a Otan parece disposta a cumprir suas ameaças, segundo reafirmou o chanceler do Reino Unido, Douglas Hurd. Jornais londrinos informaram que o apoio britânico ao ultimato da Otan foi obtido por insistência do presidente dos EUA, Bill Clinton. Londres teme represálias dos sérvios contra as tropas britânicas que fazem parte das forças da ONU na Bósnia, caso haja ataques aéreos.
A maior oposição aos ataques, porém, vem da Rússia, tradicional aliada dos sérvios. Depois de tentar por dois dias, Clinton conseguiu ontem falar pelo telefone com o presidente russo, Boris Ieltsin. Os dois se manifestaram a favor de novos esforços pela paz. Em Genebra, as conversações entre os beligerantes recomeçaram e o presidente bósnio, Alija Izetbegovic, disse que os muçulmanos rejeitam a assinatura de uma "paz em separado" para Sarajevo.
O ministro da Defesa da França, Alain Juppé, visitou o local em Sarajevo onde 68 civis foram mortos há uma semana num bombardeio. Ele reafirmou o apoio francês ao ultimato da Otan e a novas iniciativas por um acordo de paz, agora centradas na proposta de dividir a Bósnia em três Estados independentes. A França enviou o porta-aviões Foch ao Adriático.

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