São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Carnaval seguro

Intrinsecamente ligado a grandes festas pagãs como as saturnais e as bacanais, o Carnaval –este espasmo dionisíaco de uma sociedade massacrada por uma inflação titânica e por políticos plutônicos– é uma boa oportunidade que o brasileiro tem para divertir-se.
E há quem afirme que a capacidade de divertir-se ao longo de toda a vida é um dos traços que distinguem homens de animais. Nesse sentido, dar-se a folguedos carnavalescos nada mais é do que exercer um pouco da própria humanidade. Ocorre porém que a imprevidência e o sentimento de onipotência podem pôr e frequentemente põem um trágico fim a essa humanidade que se pretendia exercer.
E é com extrema preocupação que se vislumbra quantos perderão a vida nestes próximos quatro dias. Alguns conhecerão a morte de maneira abrupta, entre os ferros retorcidos de algum veículo conduzido por um ébrio. Outros perderão a vida de forma lenta, agonizante, após contaminar-se com o terrível vírus HIV, que provoca a Aids.
O mais trágico em tudo isso é que todas essas mortes são facilmente evitáveis, bastando seguir dois conselhos simples: quando beber, não dirija; use camisinha.
Entregar-se, vez por outra, a prazeres etílicos é um direito de todos. Já subir bêbado num carro e sair dirigindo não. Trata-se de um crime. É colocar em perigo a própria vida e a de pessoas que não escolheram assumir esse risco.
Também o sexo é uma atividade importantíssima para a saúde física e mental das pessoas. Ocorre, porém, que desde o surgimento da Aids praticar sexo sem proteção equivale a jogar roleta-russa. E o pior é que qualquer um pode ser portador do vírus, mesmo sem sabê-lo. Mas existe uma forma relativamente segura de manter uma vida sexual ativa e não arriscar-se a uma morte terrível. Trata-se de uma fina membrana de látex, mas que separa o prazer da morte. Trata-se da camisinha. Não usar é loucura.
Divirta-se neste Carnaval. É humano e é bom. Mas permaneça no reino dos homens. Não dirija bêbado e use camisinha.

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