São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Quércia tem dossiês contra opositores e Lilico

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quércia tem dossiês contra opositores e Lilico
Ex-governador pretende revidar os ataques dos adversários com denúncias de irregularidade
O deputado Antônio Britto (PMDB-RS) é o mais novo alvo do quercismo. Amigos do ex-governador Orestes Quércia, pré-candidato do PMDB a presidente da república, deixaram vazar informações de que Britto teria sido expulso do Colégio Miltiar de Porto Alegre (RS), aos 12 anos, por envolvimento em um suposto furto. A informação consta dos dossiês que Quércia elaborou contra seus adversários.
A estratégia de Quércia é partir para o revide, sempre que se sentir atacado ou ameaçado. O primeiro alvo desse plano foi o governador cearense Ciro Gomes (PSDB). O arsenal quercista mostrou que tem munição também contra Tasso Jereissati, presidente do PSDB. Ao mesmo tempo em que Tasso divulgava nota na sexta-feira, em Fortaleza (CE), criticando Quércia, o quercista José Machado de Campos Filho informava, em São Paulo, que Carlos Jereissati, pai de Tasso, é citado em livro do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Bilac Pinto como envolvido em falsificação de guias de importação.
Na sexta-feira passada, foi a vez de Britto, apontado como alternativa do PMDB ao Planalto. O alvo foi sua passagem pelo Ministério da Previdência –atribuem a ele trtamento demagógico com os aposentados em prejuízo dos recursos destinados à área da saúde. Agora, surgem as revelações sobre o comportamento de Britto no Colégio Militar. Britto havia dito que Quércia não pode ser candidato, pois terá que "ficar se explicando em cada esquina".
Fleury e Lilico
O governador paulista Luiz Antonio Fleury Filho e seu irmão, Frederico Pinto Ferreira Coelho Neto, o Lilico, também são alvos. Na última quinta-feira, Quércia convocou Lilico para uma conversa reservada. Lilico nega, mas há versões de que sofreu ameaças de retaliação. Os quercistas atribuem ao irmão do governador a resistência de Fleury à candiatura de Quércia.
Deputados do PMDB acreditam que o arquivo quercista tem caráter intimidatório. Por causa de seu passado vulnerável, segundo a avaliação desses deputados, Quércia quer sinalizar aos seus adversários que revidará, de forma dura, a qualquer tipo de ataque. Um exemplo dessa estratégia foram as acusações contra Ciro Gomes. Além de chamá-lo de "ladrão e filho de ladrão", o ex-presidente do PMDB também fez ataques de ordem moral ao governador tucano.
O arquivo quercista é completo. No caso de Ciro, por exemplo, as informações em poder de Quércia incluem até mesmo referências às atividades da mãe do governador cearense. Quando Ciro se candidatou a deputado estadual, em 1982, sua mãe foi citada em processo sobre troca de votos por material de construção. Mas Quércia preferiu limitar seu ataque ao envolvimento do governador e de seu pai.
Para preservar Quércia, o contra-ataque nem sempre partirá dele. Amigos e correligionários do ex-governador também serão escalados para tal tarefa. José Machado de Campos Filho é um deles. Na última sexta-feira, por exemplo, partiram dele as críticas a Britto, no caso da Previdência, e a Tasso Jereissati. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que havia insistido na aliança com outros partidos para derrotar o ex-governador, também virou alvo do quercismo.

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