São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Baianos e Joãosinho 30 duelam hoje no Rio

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

Baianos e Joãosinho 30 duelam hojeno Rio
Mangueira enfrenta criatividade do carnavalesco mais famoso do Rio com o melhor da tradição da Bahia
A baianidade da Mangueira contra a criatividade desvairada da Unidos do Viradouro de Joãosinho Trinta. De um lado o impacto da presença de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia nos carros alegóricos da Mangueira. De outro, a volt
a pela Unidos do Viradouro do intelectual dos barracões Joãosinho Trinta, que aposta num desfile criado a partir da loucura (veja texto abaixo). A Mocidade, com a tradição da bateria nota 10, também está bem cotada, ao lado da Imperatriz Leopoldine
nse.
Mas a primeira noite dos desfile das escolas de samba do Rio se desenha como de exaltação à passagem da Viradouro, quarta a entrar na avenida, e da Mangueira, a quinta. Imperatriz Leopoldinense, a última, e Mocidade Independente de Padre Miguel, a
sétima, investem na mistura da tradição com efeitos especiais para tentar surpreender as favoritas.
A Mocidade possui um carnavalesco talentoso, Renato Lage, e um enredo carioca da gema: o mundo que gira ao redor da avenida Brasil, a mais tumultuada e necessária pista do Rio. A escola inova a partir da Comissão de Frente.
Lage conseguiu com um colecionador 12 motos Harley-Davidson para que a comissão funcionasse como batedores presidenciais. Colocou-as em tripés para contornar a proibição do regulamento a alegorias motorizadas e promete muito barulho na avenida.
A Imperatriz da carnavalesca Rosa Magalhães quer surpreender a partir do que ela própria chama de "defeitos especiais". "Criei uns vaga-lumes na floresta, que vão acender e apagar, em um efeito lindo. Isso, é claro, se os 'defeitos especiais' fu
ncionarem", afirma.
A escola convidou uma corpo de bailarinos para sua Comissão de Frente e Rosa Magalhães planejou uma coreografia delicada, inspirada em Catarina de Médicis, tema do enredo da escola. "A Comissão está linda", afirma Rosa.
Comparar o desfile da Imperatriz com o do Império Serrano, a segunda na avenida, será irrecusável. Por uma "coincidência absurda", segundo os carnavalescos, as duas escolas fizeram seus enredos a partir de um mesmo momento histórico.
Em meados do século 16, 50 índios Tupinambás e Tabajaras foram levados para Rouen, na França, para dançarem para a rainha Catarina de Médicis e o rei Henrique 2º. O Carnaval do Império é comandado pela dupla Cid Camillo e Sancler Boiron, revelações
A "maldição de domingo" é o que mais preocupa os supersticiosos das oito escolas que desfilam hoje. Desde 84, quando as escolas começaram a desfilar em dois dias separados, oito dos títulos ficaram com aquelas que se apresentaram na segunda-feira. As exceções ficam para Mocidade Independente de Padre Miguel (85) e Mangueira (86). "Os jurados costumam ser mais exigentes no primeiro dia. No segundo, caem na armadilha da empolgação das arquibancadas", disse um preparador do curso para jurados da Liga das Escolas de Samba (Liesa), que preferiu não se identificar.
As escolas serão julgadas em dez quesitos, cada um com cinco jurados, sendo os mesmos nomes nos dois dias. Todos receberam um livreto sobre como julgar e fizeram um curso na Liesa, que cuida da parte artística do Carnaval. A Riotur, empresa municipal de turismo, fica com a administração do sambódromo.
Os 30 mil componentes das oito escolas de samba que desfilam a partir das 19h no sambódromo, em espetáculo previsto para durar 12 horas, têm no máximo 80 minutos por escola para obter alguns segundos de fama na TV, os aplausos dos 60 mil espectadores do sambódromo ou a glória da principal disputa do Carnaval brasileiro.
As redes Globo e Manchete pagaram US$ 1,5 milhão para transmitir os desfiles em "pool" de imagens, comandadas pelo diretor Aloysio Legey. A transmissão será praticamente a mesma, com exceção das reportagens.

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