São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994 |
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Ônibus piratas transportam 14 milhões
BOB FERNANDES
A Polícia Rodoviária Federal, que poderia exercer este papel, tem poderes limitados à vistoria técnica dos ônibus e condições dos motoristas. "Os piratas", como são conhecidos, faturaram US$ 500 milhões em 1993. O governo federal deixou de recolher US$ 150 milhões em impostos e para a Previdência Social. "Vendemos 140 milhões de passagens em 1993, mas deixamos de vender 20 milhões. Parte da queda se deve à recessão, mas quase 75% da perda é de passagem clandestina", diz Rubens Pontes, economista e assessor da Rodonal. "A situação é tão grave que, algumas vezes, até as boas empresas, mesmo associadas a nós, alegam ser obrigadas a criar uma linha pirata para combater os piratas", conta José Augusto Pinheiro, presidente da Rodonal. Em São Paulo, a empresa Asa Branca, que anuncia fazer turismo mas, na prática, mantêm linhas regulares para o Nordeste, expõe a balbúrdia do setor. Pedro Santos, dizendo-se encarregado da agência Asa Branca, disse à Folha que "o monopólio das empresas acabou. A gente leva quem a gente quiser para onde quiser. Pelo menos isto o Collor fez de bom. Não tem lei que me proíba de levar 20 caras para Feira de Santana de graça, se eu quiser. A passagem para lá custa 20 contos, eu cobro 15 contos. Os caras vão e acabou". Segundo Sílvio Caracas, diretor do Departamento de Transportes Rodoviários "os pequenos são piratas porque não têm estrutura para competir em igualdade de condições, pagando impostos, cumprindo a legislação trabalhista". Segundo a Rodonal e o DTR, grande parte das empresas piratas é formada por motoristas desempregados. "Juntam-se dois ou três, compram um ônibus usado, tem sempre um amigo que é mecânico, e pronto", descreve Rubens Pontes, da associação das empresas de ônibus. Texto Anterior: Cientistas querem tombamento de supercratera Próximo Texto: 'Atendemos os passageiros' Índice |
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