São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Opção por fundo de ações exige cuidado

PAULO S. DORNELES DA ROSA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"O brasileiro aplica na manchete e vende no tique nervoso." A constatação é de Eduardo Santalucia, gerente de carteira do Banco de Investimentos Sudameris e desde 1967 atuando no mercado, ao condenar o caráter especulativo dado às aplicações em fundos de ações, vedetes após rentabilidade excepcional em 1993.
Para Santalucia, este comportamento reflete desinformação. "Qualquer que seja o perfil do investidor, ele deve encarar os fundos de ações como um canal de poupança", afirma.
Trabalhando com este conceito, Santalucia não restringe o universo de investidores em potencial. Não importa se pequeno, médio ou grande. A dica é separar parte do dinheiro que sobrou e aplicar em fundo de ações.
Assim, "se a cada dois meses sobram CR$ 50 mil para alguém, essa pessoa pode destinar CR$ 15 mil para aplicar num fundo e o restante em renda fixa. Com o passar do tempo, garanto que a fatia de 30% vai estar maior que a dos 70% investidos em renda fixa", diz Santalucia.
"Mas se você determinar prazo, pode perder", acrescenta o gerente do Sudameris, pois a grande regra deste mercado "não é saber comprar, mas saber vender".
Sobre as regras de saque, os fundos de ações também se diferenciam dos demais, como de renda fixa e commodities. Ao ser pedido o resgate, as ações são vendidas no dia seguinte e o aplicador recebe o dinheiro dois dias úteis após a venda.
Por ser um mercado de risco, a escolha do fundo também é um ponto delicado. Aqui sim, se estabelecem diferenças entre pequenos e grandes investidores. Normalmente os pequenos têm como alternativa os bancos comerciais, que administram grandes fundos, com patrimônio alto mas com menor rentabilidade.
Na hora da escolha de um fundo, diz Santalucia, "o importante é observar a rentabilidade em um período longo, de cinco a dez anos". As diferenças de rentabilidade entre fundos com maior e menor patrimônio se explicam porque os primeiros normalmente são mais conservadores em suas aplicações, "arriscando pouco". O elevado valor investido também dificulta a ação dos grandes fundos no mercado, que na hora de vender grande volume de um papel podem fazer seu preço despencar.

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