São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994 |
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Por que é "baixo" o desemprego na AL
REGINA CARDEAL
O problema não é exclusividade dos industrializados. Segundo a OIT, o desemprego só não está crescendo no leste e sudeste da Ásia. Na América Latina, diz, a situação é pior do que há 20 anos. O desemprego urbano na região em 1992 ficou em 7,4%, contra 6% nos anos 70. É ainda uma taxa baixa na comparação com a Europa. A OIT não diz, mas desemprego urbano na América Latina é em geral um recurso que faz desaparecer um universo de desempregados das estimativas oficiais. É o caso do Brasil e do México, onde as taxas de desemprego –em torno de 4%–, apuradas nas grandes cidades, subestimam o total nacional. Outra "mágica" latino-americana para o desemprego baixo –em comparação com as taxas européias– é o desdobramento da estimativa entre desempregados e subempregados. Na Argentina, por exemplo, a soma de desemprego e subemprego resulta numa taxa próxima aos 22% da Espanha, o mais alto desemprego do mundo industrializado. Para a OIT, o crescente subemprego latino-americano é um dos resultados da tradicional mistura perigosa da economia informal –mercado de trabalho instável e salário baixo–, que põe em risco as recentes reformas e a recuperação da região. Os latino-americanos costumam também deixar de fora das estimativas os desempregados de longo prazo, ou aqueles que se sentem definitivamente excluídos do mercado de trabalho e desistem de procurar emprego. Distorcidas ou não as estimativas, a realidade é que, como destaca a OIT, o desemprego é assustador. A organização calcula que cerca de 30% da força de trabalho do globo está sem emprego ou subempregada. As causas e possíveis soluções ao problema são temas inevitáveis nas reunião de líderes mundiais. A recessão global e o desemprego vieram juntos. Mas poucos acreditam que, superada a recessão, todas as vagas perdidas serão recriadas. Entre as causas do aumento do desemprego no mundo desenvolvido está o avanço tecnológico, que cada vez mais dispensa mão-de-obra, sobretudo a menos qualificada. Na UE (União Européia), os 12 ministros da área econômica começam amanhã a discutir formas de criar empregos para seus mais de 18 milhões de desempregados. Eles certamente terão em mãos um estudo que a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) fez circular entre seus 24 membros –os países mais desenvolvidos. Surpreendentemente e ao contrário da OIT, o estudo não vê com olhos favoráveis a flexibilização (facilitar ao máximo a contratação e a demissão) do mercado de trabalho, como fazem os EUA e como pretende fazer a Espanha. Como se vê, a busca de uma solução está apenas começando. Texto Anterior: Leia alguns dos destaques de ontem na imprensa internacional: Próximo Texto: Rabin quer acordo com a Síria este ano Índice |
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