São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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molecada BAMBA NA ESCOLA

GEORGE ALONSO

A Vai-Vai coloca 1.000 crianças no sambódromo de São Paulo este ano. Esse bloco dente-de-leite surgiu da conexão "bom na escola-bamba no pé". Para desfilar, a criança precisa passar de ano ou, pelo menos, comprovar que frequentou as aulas. A idéia, com apoio dos pais, começou a funcionar em 1993 e os resultados foram animadores. "Crianças que já estudavam, melhoraram o desempenho. Quem não estudava, correu para a escola", conta Fernando Penteado, 47, diretor da Vai-Vai. O mestre-sala mirim Paulo Matias, 12 (no alto da foto, ao lado da porta-bandeira), sabe bem os efeitos dessa pressão. Há três anos vai à quadra da Vai-Vai, levado pela mãe. Desta vez, ela alertou: "Se repetir, não sai". Para passar à 7.ª série, o pequeno mestre-sala tratou de rebolar na sala de aula com a mesma desenvoltura com que corteja sua parceira de avenida, Camila Aparecida, 11, porta-bandeira mirim. Boa aluna da 5.ª série, Camila carrega pela primeira vez o pendão alvinegro da Vai-Vai. "Eu nasci aqui", diz ela, tão orgulhosa quanto a passista Carolina Feitosa, 10, que ginga enquanto sua mãe toca ganzá na bateria. Até 1992, cem crianças de 7 a 14 anos desfilavam a cada ano. Em 1993, o número aumentou para 400 e, este ano, para 500. A elas se somaram 538 crianças de creches e 62 meninos de rua que a Vai-Vai "presenteou". Assim a escola, aos 64 anos, forma quadros para outros 64 carnavais.
– G.A.

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