São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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Escolas tentam manter tabu na passarela

JOÃO BATISTA DE ABREU
DA SUCURSAL DO RIO

As quatro grandes escolas que se apresentam hoje -Beija-Flor, Salgueiro, Estácio e Portela- tentam manter um tabu que persiste desde a inauguração da Passarela do Samba, em 84, quando o desfile foi dividido em dois dias. Em 10 anos, as escolas que se exibiram na segunda-feira venceram oito campeonatos.
As duas últimas campeãs desfilam hoje. A Estácio de Sá, campeã em 92, traz um enredo sobre a Saara (Sociedade dos Amigos e Adjacentes da Rua da Alfândega), o mais antigo shopping horizontal no centro do Rio.
O Salgueiro, campeão de 93, traça um perfil da personalidade do carioca, em "Rio de lá pra cá". Beija-Flor, Portela, Estácio e Salgueiro tiveram que contornar problemas causados pela ausência de seus patronos, presos desde maio por formação de quadrilha.
Os bicheiros Aniz Abraão Davi (Beija-Flor), Waldemir Garcia (Salgueiro) e Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã, (Portela) continuaram a auxiliar financeiramente as escolas. O único que se afastou foi José Petrus, o Zinho, da Estácio. Este ano a escola recebeu a ajuda de comerciantes da região conhecida como Saara.
Mas nem a disposição dos patronos de continuar bancando, o jogo de fantasias e vaidades conseguiu evitar defecções. Mário Borrielo deixou o Salgueiro depois que a diretoria propôs uma redução em seus vencimentos. Em seu lugar, assumiu o artista plástico Roberto Szaniecki -egresso da Unidos da Ponte- que pela primeira vez tem oportunidade numa grande escola. "Vamos resgatar o luxo das fantasias de época, característica do Salgueiro", diz. A surpresa que a escola da Tijuca promete para hoje é uma nova coreografia do casal de mestre-sala e porta-bandeira (Dionísio e Tânia).
O carnavalesco disse que gravou em vídeo as fantasias e alegorias do Salgueiro para mostrar a Miro e a seu filho, Maninho, presos em Niterói. "Eles aprovaram", diz.
Quem abre o desfile é a Caprichosos de Pilares, marcada pela irreverência e pela crítica social. O enredo é sobre os quase 90 anos da avenida Rio Branco, mas o carnavalesco Luiz Fernando Reis conseguiu encontrar espaço para satirizar os políticos. No carro sobre os cara-pintadas, desfilam sósias de Collor, PC e João Alves.
A Tradição, campeã do Grupo 1 em 93, volta ao Grupo Especial com o enredo "Passarinho, Passarola, Quero Ver Voar", sobre o homem e as máquinas voadoras.
A Beija-Flor, de Nilópolis, mostra um Carnaval ecológico, ao focalizar a botânica inglesa Margaret Mee e suas viagens na Amazônia. O carnavalesco Milton Cunha promete um Carnaval diferente. "Vou usar capim, bambu, sapê, palhas e folhas secas".
A Portela encerra o desfile lembrando "Quando o Samba era Samba". O enredo do carnavalesco José Felix narra a evolução do ritmo, trazido da África pelos escravos.

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