São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994 |
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Teens se encontram nas portas de prédio Escada é lugar preferido ANTONINA LEMOS
Quem integra esse tipo de turma não sente necessidade nem de atravessar a rua para se divertir. "Isso aqui é melhor do que qualquer danceteria", diz Pedro Lucky, 17, morador da rua Novo Horizonte, Cerqueira Cézar (zona central) e passou todas as suas férias jogando "Imagem e Ação" e tocando violão no seu prédio. Para aproveitar as maravilhas de seu condomínio- que na verdade só tem um hall, uma escada na frente e um improvisado campinho de futebol– ele conta com a companhia de seus vizinhos e até com amigos que não moram lá. "Eu venho para cá todo dia", diz Luís Carlos Munhoz, 17, que mora na Consolação e vai para lá de bicicleta. Os integrantes da turma não sabem explicar ao certo porque o prédio foi adotado como point. "Essa escada é muito agradável", diz Lazlo Caldeira, 17. Pedro tem outra explicaçào: "Aqui tem muita gente da nossa idade, as pessoas acabam trazendo os amigos e a turma está formada". Algumas galeras se dão ao requinte de juntar quase 50 pessoas. É esse o caso da turma da rua Gandavo, na Vila Mariana (zona sul). A "turma do mal" como eles se auto-intitulam, reúne um bando de jovens na mais variada faixa de idade– seus integrantes tem de 14 a 28 anos. Os orgulhosos integrantes nutrem um verdadeiro amor ao prédio. "Todo mundo adora morar aqui, mesmo quem muda acaba voltando para passar as férias", diz Manoel Fernandes, 24, o "Mané". É esse o caso de Fernando Augusto, 18, o "Neném". Ele mudou do prédio há três anos, mas continua indo lá sempre que pode. "Os meus amigos estão todos aqui", diz. A turma, que se diz conhecida em todo o bairro, lota a porta do prédio nos fins-de-semana. "Vem gente de todo canto, um monte de carros ficam estacionados em fila dupla", orgulha-se Rodrigo Pinheiro, 18, o "Ruivão". A adoção do prédio como point não vem de hoje. "Aqui tem turma desde 78, esse prédio sempre foi conhecido por ter muitos jovens", conta Fernando Evangelista, 28, o "vovô" da moçada. Honrando a tradição, os moradores do prédio acabam formando casais e até se metendo em brigas para defender algum vizinho. "Se for preciso a gente briga mesmo", diz Marcelo Bracessi, 24, o "Xepa". Ele conta que quando saem juntos, ninguém se atreve a mexer com as meninasa. Também, pudera, só de olhar para a cara do Xepa eles já devem morrer de medo. É que o cara é um verdadeiro "armário". Texto Anterior: Desafio à resistência Próximo Texto: Turmas são campeãs em arranjar confusão Índice |
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