São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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Escolas investem em mais informações sobre Aids

MARIA LUÍSA CAVALCANTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A preocupação com a informação sobre sexualidade e Aids não é novidade nas escolas. A maioria dos alunos da rede estadual de ensino (69%) afirmou que já teve alguma informação sobre esses assuntos em sala de aula, segundo a pesquisa da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), entidade vinculada à Secretaria Estadual da Educação. Muitas escolas particulares devem incrementar a abordagem dos temas este ano.
A principal reivindicação dos estudantes entrevistados na pesquisa foi quanto à orientação sobre a Aids através de conversas. Aumentou de 13% em 92 para 33% em 93 o número de adolescentes que acham que esse seria a melhor forma de contribuição da escola para um melhor esclarescimento da doença. "Isso mostra um apelo mais emocional da questão, ou seja, que os jovens têm informação mas querem uma orientação mais intimista", diz Ione Mendes, 31, gerente de pesquisa da FDE.
Foi pensando nesse aspecto que a Secretaria Estadual da Educação começou a implantação do Projeto Escola é Vida, que já atinge 440 mil alunos em 595 escolas em todo o Estado de São Paulo.
O projeto discute o uso indevido de drogas, além da sexualidade e da Aids e seus coordenadores falam diretamente com os professores, os pais e os representantes de grêmios. "Acreditamos que as atividades que abordam estes temas têm que fazer parte do dia-a-dia da escola para surtirem efeito sobre a vida dos alunos", diz Maria José Siqueira, 43, coordenadora do projeto.
Um exemplo disso: em 1992, 94% dos alunos das estaduais sabiam que a Aids é transmitida por relações sexuais, mas apenas 43% dos que transavam usavam camisinha. Depois de um ano esse número subiu para 57%. Outro caso é a descoberta das drogas injetáveis como forma de contaminação: de 47% dos entrevistados em 92 para 61% em 93. "É preciso trabalhar para promover uma mudança no comportamento dos alunos", alerta Maria José.
A estudante Melissa Mie Velez, 17, da EESG Caetano de Campos, concorda. "Acho que o papel da escola é fundamental porque lá todo mundo tem a mesma idade e os jovens nunca escutam muito os pais. Uma boa idéia seria incluir sexo, Aids e drogas nas aulas de biologia", sugere a garota. (MLC)

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