São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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"Kalifornia" cria o caos em videoclipe

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Filme: Kalifornia
Produção: EUA, 1993
Direção: Dominic Sena
Elenco: Brad Pitt, Juliette Lewis
Onde: a partir de hoje nos cines Liberty, West Plaza 3, Interlagos 1

Quem estiver meio distraído pode pensar que os comerciais de roupas continuam rolando. Então, pode acordar: apesar das aparências, "Kalifornia" já começou. E, com ele, o grande mistério deste filme do estreante Dominic Sena.
O mistério não diz respeito tanto ao que se vê na tela, como à surpreendente projeção que alcançou essa mistura de videoclip chique com filme de Chuck Norris, estranhamente elevado a "cult".
Tudo começa quando o casal yuppie Brian (David Duchovski) e Carrie (Michelle Forbes) decide fazer uma viagem de automóvel do Kentucky à Califórnia, reconstituindo alguns dos crimes mais famosos ocorridos no país. Brian pretende recolher "in loco" material sobre crimes famosos, para escrever um livro.
Para dividir as despesas de viagem, o casal procura alguém. Quem se apresenta é um demente, Early (Brad Pitt), em companhia de sua namorada Adele (Juliette Lewis). Early está na condicional e não demorará muito para que Brian comece a fazer uma experiência ao vivo da arte de matar.
O que vem a seguir é uma chuva de efeitos (não especiais) que beira a demência. Não há um só centímetro de tela que não seja ocupado pela intenção de "fazer bonito". Em torno, prosperam a filmagem empetecada, vazios intermináveis, "timing" deficiente, cortes feitos na machadinha.
Para completar, não existe um personagem que não seja caricatura. Todos patinam de frase em frase, de fato em fato, sem que nada nos revelem sobre si mesmos.
Nesse nada que beira o absoluto, o destaque é, de longe, Juliette Lewis. Faz uma personagem ingênua até quase o infinito, que todo o tempo apenas reitera sua cegueira em relação ao namorado, aos outros, ao mundo. Ainda assim, Juliette consegue dar vida a sua Adele. É um papel ingratíssimo, na medida para provar que é mesmo uma grande atriz. O resto em "Kalifornia" é o chamado kaos.

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