São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994 |
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Peixe fora d'água
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES SÃO PAULO – Decidido a conquistar o posto de candidato à Presidência pelo PMDB, Orestes Quércia dá sinais de que colocará toda sua "experiência" política a serviço de sua pretensão. Quércia deveria ter sido candidato a sucessão de Sarney. Preferiu evitar o confronto com Ulysses.Só que o Brasil pós-Sarney e o Brasil pós-Collor são países razoavelmente distintos. O processo de impeachment, a CPI do Orçamento e o pipocar de denúncias e apurações de casos de corrupção modificaram o ambiente político. Ao mesmo tempo, apareceram novos nomes em cena -alguns deles, como o de Antônio Britto, capazes de sugerir o abandono das chamadas "candidaturas naturais". Em condições normais de desmandos e impunidades, não haveria o que discutir: Quércia seria o nome sob medida para o PMDB. Acontece que o ex-governador, que se viu envolvido em denúncias de irregularidades, e cujos métodos políticos são apontados como, no mínimo, duvidosos, perdeu a sintonia com o momento político. Não esperava que mudassem a água do aguário. Inconformado com a situação, atua em duas frentes. Tenta mostrar, por um lado, que cai-lhe muito bem a despoluição, já que seria um peixe de águas claras, como demonstraria a tal auditoria de suas empresas -mas não deixa de procurar, simultaneamente, tornar o aquário mais turvo. Incapaz, apesar dos esforços, de projetar uma imagem de político limpo e honesto, tenta nivelar a disputa, levantando suspeitas a respeito de seus concorrentes. Dedica-se, então, à preparação de "dossiês". A idéia é confundir. Mesmo que para isso precise chegar ao ridículo de apurar a suposta expulsão de Antonio Britto do Colégio Militar do Rio Grande quando contava com... 12 anos! Segundo se noticia, o serviço secreto quercista -que anda uniformizado- teria desvendado um escândalo definitivo: a expulsão de Britto seria fruto de um furto infantil. Oh! que horror! Com seus métodos, Quércia apenas reafirma o que todos já viram: no novo aquário brasileiro ele está mais para peixe fora d'água. Texto Anterior: Mudança seletiva e ruptura histórica Próximo Texto: Carnavais de ontem e hoje Índice |
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