São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Estados Unidos podem abrir hoje guerra comercial contra o Japão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, admitiu ontem em Washington que as primeiras sanções contra o Japão podem ser anunciadas hoje e desencadear uma guerra comercial entre os dois países. Um aumento de taxas sobre as importações de telefones celulares japoneses é tido como certo e o primeiro passo de uma série de medidas contra produtos do Japão.
EUA e Japão foram incapazes de fechar um acordo comercial após oito meses de conversações. Os EUA tiveram em 1993 déficit de US$ 60 bilhões na balança comercial com o Japão e os dois países tentavam reduzi-lo. Clinton e o premiê japonês, Morihiro Hosokawa, anunciaram na sexta-feira o fracasso das tentativas.
O insucesso agravou os problemas políticos de Hosokawa, que ontem levantou a possibilidade de reestruturar seu gabinete e até de fazer um governo de coalizão. A Bolsa de Valores de Tóquio despencou ontem e a cotação do iene diante do dólar subiu –consequências do anúncio da possibilidade de uma guerra comercial.
Clinton classificou a política japonesa de "insustentável" e afirmou que a guerra comercial é "possível". Ele aconselhou os japoneses a pensarem "longa e profundamente" sobre a possibilidade e ressaltou que o Japão tem muitos investimentos nos EUA que poderiam ser prejudicados em um conflito comercial entre os dois países.
Vários assessores próximos de Clinton, com indisfarçável autorização do presidente, fizeram ameaças explícitas de medidas duras contra o Japão nos próximos dias, além do aumento de imposto sobre os celulares.

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