São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Câmara do DF pode acabar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os deputados distritais ganham 66% dos salários dos deputados federais, mas recebem 124% mais que eles - CR$ 8,8 milhões contra CR$ 3,9 milhões - de verba de gabinete, para pagar os assessores diretos. O resultado é uma estrutura inchada, com 1.070 funcionários (ou o equivalente a 50 para cada um dos 24 deputados distritais), enquanto a Câmara Federal tem cerca de 15 funcionários para cada deputado, e o Senado, 36. Estes números são utilizados pelos defensores da extinção da Câmara Distrital.
Se a eleição para governador é unanimidade para a população de Brasília, a manutenção da Câmara Distrital divide opiniões. Em pesquisa recente realizada pela Soma, empresa local, 57% das pessoas responderam que a Câmara deve continuar e 38% que deve acabar. Há três meses, a Soma já havia feito outro questionário e apurado que 50% da população desaprovavam o trabalho dos deputados distritais, e 76% consideravam a Câmara "mais ou menos" ou "nada" importante.
Os deputados não têm qualquer projeto prevendo o enxugamento da máquina administrativa, e mesmo a esquerda da Casa não desaprova que os salários dos assessores parlamentares seja mais que o dobro do pago pela Câmara Federal. "É muito complicado viver em Brasília com CR$ 700, 800 mil", justifica a deputada Lúcia Carvalho (PT), primeira-secretária da Câmara Distrital.
A Câmara é criticada também, e até mesmo por quem defende sua manutenção, por não ter instalado uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias contra o governador Joaquim Roriz, que consegue aprovar todos os projetos que envia ao Legislativo. No STF (Supremo Tribunal Federal), a oposição conseguiu derrubar os jetons para sessões extraordinárias e a contratação de 10 mil pessoas sem concurso. É um dos argumentos em defesa da Casa.
"Estamos sujeitos a erros como qualquer Casa, não podemos ser considerados os patinhos feios do Legislativo", diz o deputado distrital Tadeu Roriz (PP), primo do governador. "É verdade que os deputados que querem a Câmara funcionando mal são maioria, mas a solução é eleger outros, não acabar com ela", defende o federal Sigmaringa Seixas (PSDB), que ajuda o relator Nelson Jobim na redação do substitutivo.

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