São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Farofa-chique tem sushi, sashimi e picanha de grife

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMBURI

Uma família japonesa prepara sushi e sashimi na areia; outra, argentina, assa uma picanha da Bassi e linguiças da Bordon. São os adeptos da farofa-chique em ação nas praias e ilhas do litoral norte de São Paulo, entre Bertioga e Ubatuba. Os pedaços badalados –Maresias, Camburi, Sahy– são pródigos em carros importados repletos de engradados de cerveja importada e batata frita Pringle's.
Nada a ver com a farofa típica da Praia Grande, ou do litoral sul, que farofeiros-chiques chamam de "brega". "Aqui tem cerveja Heineken e água Perrier", diz o empresário Afranio Mendes, em Camburi, apontando para a caixa de isopor que carrega até a praia. A farofa-chique tem churrasco e cerveja, biscoito e doces, mas com grife. "Não tem nada a ver com essa sujeira que os invasores fazem", explica Mendes.
Aliás, não tem muita sujeira. Os "locais", como são conhecidos os frequentadores habituais, fazem a sua farofa de pedigree e depois se juntam à fila da coleta seletiva de lixo. Latinhas em uma cesta, plásticos em outra, lixo orgânico em uma terceira. Um inventário dessas cestinhas "entrega" o produto interno bruto da região: uma garrafa de "Bala 12", patês franceses, canapés italianos...
Edson Vieira Engel, dono do restaurante Manacá, não se importa com a farofa-chique –desde que as pessoas não façam muito estardalhaço e deixem a praia limpa. Pior do que isso, para ele, são os cachorros. "Por que uma pessoa traz seu cachorro à praia?", pergunta. "Incomoda os outros e suja a praia", diz. Rosana Maurício Brito, do restaurante Tiê, em Camburi, também reclama dos cachorros.
Ela reconhece a farofa-chique –"Não tem casca de banana nem garrafa de cachaça"– e ataca os "novos farofeiros-chiques". "Os moradores e veranistas habituais já estão conscientizados para a necessidade de se guardar o lixo e fazer coleta seletiva", diz. "Mas tem gente que ainda deixa latas de cerveja importada na areia da praia". Sobre os cachorros, afirma que não importa a grife ou o pedigree. "Tem muito 'local' que ainda não se tocou", "entrega". (SSL)

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