São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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União da Ilha faz 'revolução de materiais'

DA SUCURSAL DO RIO

Responsável pelo arrebatamento da União da Ilha no Sambódromo, o carnavalesco Chico Spinoza, 40, estreante na escola e com cinco anos de profissão, diz que seu desfile propôs uma "revolução de materiais". "Usei 6.000 garrafas de Coca-Cola com líquido colorido, fiz um carro a partir de sucata e trabalhei apenas com 50 pessoas. Fiz o Carnaval barato que despertou a magia do público", disse o carnavalesco Spinoza.
Campeão em 1992 pela Estácio de Sá, Spinoza disse que a União da Ilha, escola da Ilha do Governador (zona norte do Rio), usou "juventude, brilhantismo e energia" para se destacar, mas não aposta no favoritismo da sua escola. "A Ilha foi perfeita. Não importa se vai ganhar ou não. Isso é briga para a apuração. O barato é fazer levantar o público."
Revolução nos desfiles
A União da Ilha levantou todo o Sambódromo com suas fantasias luxuosas e provocou furor com sua bateria predominantemente vestida de preto. Spinoza afirma que as várias perfomances que os passistas fizeram durante o desfile da União da Ilha são o início de uma "revolução". "Os desfiles caminham para isso."
Spinoza foi um dos carnavalescos responsáveis pela inclusão da Estácio de Sá (do bairro do Estácio, também na zona norte do Rio) no rol das chamadas grandes escolas. Processo que parece se repetir agora na União da Ilha, que há mais de dez anos não conseguia fazer apresentações como as que a destacaram no final da década de 70. Foi a época em que a Ilha, que tinha Maria Augusta como carnavalesca, apresentou enredos como "Domingo" e "É Hoje!".
No ano passado, o carnavalesco Chico Spinoza se desentendeu com os dirigentes da Estácio. Eles não chegaram a um acordo quanto ao salário de Spinoza, que se transferiu para a União da Ilha, levando consigo uma série de destaques da Estácio, incluindo a modelo Monique Evans.
"Estrela Guia"
Monique, 37, foi a principal e mais bela destaque da União da Ilha. Vestida como um anjo dourado do carro "Estrela Guia", com seios de fora e esfregando uma armação de pano e ferro sobre o sexo, Monique foi aplaudida de pé pelo público do Sambódromo.
"A fantasia estava caindo. Fiz um desfile erótico, mas o problema é que eu não usei nem calcinha nem meia, que é coisa para quem tem mais de 50. O pessoal lá de baixo viu tudo", disse Monique depois do desfile.
A modelo dedicou sua perfomance na passarela ao amigo Mauro Taubman, sócio da Company, morto no domingo passado. Pela primeira vez em 13 anos de desfiles, Monique saiu no alto de um carro alegórico. Ela sempre preferiu sair no chão, como madrinha de bateria.
A modelo se queixou de que como choveu momentos antes do desfile da União da Ilha, o piso do carro estava escorregadio, o que a impedia de sambar tranquilamente. (Plínio Fraga)

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