São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Itamar diz que não fez "ato libidinoso"

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A JUIZ DE FORA

Itamar diz que não fez "ato libidinoso"
Presidente afirma que não sabia que Lílian estava sem calcinha e que não podia emprestar uma a ela
O presidente Itamar Franco disse que "ninguém fez nenhum ato libidinoso", ao comentar o episódio com a atriz e modelo Lílian Ramos. Itamar disse que não foi avisado de que a atriz estava sem calcinha quando esteve em seu camarote, no Sambódromo, na madrugada de segunda-feira. "Ninguém avisou. E se avisasse, o que eu ia fazer? Emprestar uma calcinha? Eu não tinha", disse.
Itamar afirmou que não se preocupou com a vestimenta das pessoas que estiveram com ele em seu camarote. "Como vou fazer para saber se as pessoas estão de calcinha preta, verde, vermelha ou sem calcinha?", questionou.
Itamar admite a hipótese de que pode ter se apaixonado de novo: "Paixão só há uma na vida. Pode até ser que haja uma segunda vez. E pode ter sido agora". Em seguida, disse que os jornais exageram na investigação de sua privacidade e afirmou que não precisa esperar o fim do governo para arrumar uma namorada: "Aí é demais".
Poucos minutos depois de fazer as declarações sobre a calcinha, na madrugada de ontem, durante o desfile das escolas de samba em Juiz de Fora, Itamar reuniu o grupo de cinco jornalistas –Folha, "Jornal do Brasil", "O Globo", "Veja" e "O Estado de S.Paulo"– que haviam conversado com ele e pediu para que esquecessem as duas frases. Os jornalistas estavam no camarote a convite do presidente.
O desfile havia terminado e ele sentou-se numa mesa com os jornalistas. Fez o pedido apontando para cada um. Interessados na continuidade da entrevista, os jornalistas concordaram –embora Itamar não tivesse imposto um acordo como condição para continuar. Pouco antes de se retirar do camarote, Itamar voltou ao assunto: "Ninguém fala na história da menina do Rio".
Na tarde de ontem, Itamar soube que o pacto não seria cumprido. Mandou dizer, através de sua secretária em Juiz de Fora, Neuza Mittherhofer, que aqueles que quebrassem o pacto "não conseguiriam qualquer outra conversa ou informação com ele ou assessores diretos". "Pensei que estávamos entre amigos", mandou dizer.
Itamar afirmou que a questão não era apenas quanto à divulgação da suas frases –em parte já tornadas públicas, através de assessores–, mas sim uma "questão de relação de confiança do presidente com os jornalistas".
"Menina adorável"
O presidente disse que não ficou aborrecido com Lílian: "Ela é uma menina adorável e pediu desculpas", afirmou. Ele usou a expressão "namoro" quando perguntado se temia ser deposto diante da repercussão do encontro dele com Lílian. "Por causa do namoro?", indagou, sem prosseguir na resposta.
Itamar negou que tenha mudado seu comportamento e que esteja buscando aparecer mais, para acabar com a solidão. "A mídia é que criou essa idéia de solidão. Vocês (os jornalistas) são injustos comigo. Vocês não entendem que o presidente da República respeita as pessoas que estão em sua volta e que isso não é isolamento", disse.

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