São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Tecido para lingerie aumenta até 60%

Alta é atribuída à taxação de importado

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As tabelas de preços das tecelagens que fornecem tecidos para os fabricantes de lingeries registram aumentos de até 60% neste mês. "Isso é reflexo da inflação preventiva e pela sobretaxa de 34% para tecidos vindos da Coréia", afirma Segisvaldo Caldo, gerente de marketing da Ronex Indústria e Comércio, que faz as lingeries Luiza Brunet e Doing.
Para ele, a sobretaxa aos tecidos artificiais e sintéticos coreanos levou as tecelagens brasileiras a reajustarem preços acima da inflação. Ele conta que os maiores aumentos são registrados nos seguintes tecidos: chalis (misto de fio de viscose e acetato), javanesa (100% viscose) e liganet (100% poliéster). Em janeiro, os reajustes não passaram de 30%.
Neste momento, as confecções negociam com as tecelagens a compra de artigos para a coleção outono/ inverno. "As negociações estão bem complicadas. O ICMS também tem que ser fechado a cada dez dias e agora é calculado sobre o preço à vista." Segundo Caldo, alguns magazines pedem 10% de desconto para compensar a nova formula do ICMS.
"Toda a indústria do ramo têxtil está refazendo as compras." A Ronex, continua ele, vai aguardar a implantação da URV (Unidade Real de Valor) para soltar a sua tabela de preços. A empresa está importando tecido de poliéster com toque de seda para substituir artigos nacionais. "Os tecidos sintéticos no exterior custam até 50% menos do que no Brasil."
A Casa das Calcinhas, com 26 lojas em São Paulo e interior, informa que as tabelas de preços das confecções registram aumentos de até 44% neste mês. Rafael Deieno Jr., sócio-proprietário, conta que os representantes das confecções chegam a ir de quatro a cinco vezes na loja para negociar os pedidos. "Representantes das lingeries Hope, por exemplo, passaram por aqui vendendo uma calcinha por CR$ 1.300,00. Só que hoje vendo nas minhas lojas a mesma calcinha por CR$ 1.400,00."
A Casa das Cuecas informa que os preços das confecções estão estáveis, em dólar. "O que tem de novo, neste mês, é o fato de as empresas terem cortado os prazos de pagamento –de 60 para 28 dias, no máximo", diz Abrão Worcman, diretor executivo. Segundo ele, os produtos com aumentos acima da inflação são os mais vendidos -meias Lupo, cuecas Zorba, Playboy e Pierre Cardin.
Mauro Eli Zaborowsky, diretor do grupo setorial de lingerie dia da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), diz que os preços dos tecidos e das peças prontas não tiveram alteração de preços em dólar desde outubro de 1992. "Mas as negociações estão difíceis. A competitividade nesse setor é muito grande." Além disso, em 93 as vendas de lingeries caíram 8% em relação a 92.
Para reverter o quadro, fabricantes do setor vão investir em 1994 US$ 1 milhão em marketing.

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