São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Escola na água

CARLOS SARLI

Para quem começou a pegar onda no tempo das monoquilhas, a não ser por uma inspiração ao assistir à Sessão da Tarde com "Endless Summer" (Alegrias de Verão), essa era uma verdade absoluta.
Sem contestar essa máxima porém, hoje existem algumas formas para ajudar a encontrar o caminho do tubo.
Desde as escolas de surfe para os iniciantes, passando pelos filmes, atuais e abundantes nas locadoras, até os técnicos, para os surfistas que encaram uma competição.
Personagem recente no cenário, aquele cara que fica correndo de um lado para outro na beira da água e gritando, aparentemente, para o mar numa bateria importante, muito tem feito para evolução de certos atletas.
Os primeiros técnicos de surfe foram juízes de campeonatos e competições que se realizavam. Perceberam que ao traduzir suas expectativas, baseadas nos critérios de avaliação, poderiam contribuir muito para o melhor desempenho do competidor.
Mastrô, Marquinhos, Melo –ex-técnico do Picuruta Salazar– e Cabeha –técnico do ex-campeão brasileiro Paulo Mattos– são alguns deles.
Marcos Conde não foi juiz mas também foi pioneiro na área. O trabalho que desenvolveu na equipe Cristal Grafitte acabou por levá-lo a dirigir a seleção brasileira amadora.
Entre outros resultados, comandava a equipe brasileira em Porto Rico, quando Fábio Gouveia sagrou-se campeão mundial, embora Gouveia não fosse seu titular.
Este ano o mundial amador será disputado no quintal da casa de Conde, a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Grandes possibilidades de sucesso.
Hoje, os principais competidores contam com esse tipo de apoio técnico.
Se não for um profissional contratado, geralmente em troca de 15% da premiação do torneio, amigos ou mesmo os pais fazem as vezes. É o caso de Danilo Costa. Seu pai, quando não está na água surfando junto com ele, está na areia filmando tudo.
Segundo Luiz Henrique, o Pinga, que já foi chefe de equipe, e hoje é técnico de alguns atletas da equipe Quiksilver, "a nova geração aceita bem, eles querem aprender".
Pinga também acredita que o trabalho psicológico é tão importante quanto o físico ou técnico. "Pressão sobre os competidores. O cara é ruim de 'back-side', tem que marcar o 'front'. É um jogo, o cara tem que saber jogar. E ficar frio".
Um dos atletas mais "cool" na água, e fora dela, é Fábio Gouveia. Ganhando ou perdendo numa bateria ele não se altera, e sabe exatamente quantos pontos fez ou precisa fazer, outro ponto fundamental na competição.
Atletas nem tão brilhantes, em termos de arrojo, conseguem bons resultados ou até mesmo chegam a campeões do mundo trabalhando bem essas técnicas. Surfistas como Dave Macaulay e Damien Hardman ilustram bem essa idéia.
Por interesse do patrocinador, além da busca de resultados, o técnico também contribui com a postura do atleta.
Falar corretamente, usar as roupas novas que ganham, procurar dar entrevistas, ser fotografado e, eventualmente, até aulas de inglês fazem parte do trabalho.

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