São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Primal Scream é o maior sucesso da gravadora

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A impressão de que Jesus and Mary Chain tinha levado o barulho à fronteira final foi confrontada, em 88, pela segunda grande revelação da Creation. My Bloody Valentine, até então um grupinho de janglepop, música assobiável, resolveu ir onde nenhuma banda jamais esteve, substituindo acordes por gritos de eletricidade provenientes de amplificadores no talo.
Como resultado, o guitarrista Kevin Shields ganhou problemas auditivos. Problemas pequenos, comparados aos que a conta de gravação do segundo álbum, de 91, que quase levou a Creation à falência, trouxeram.
Gravando guitarra sobre guitarra durante meses, descobrindo novas afinações e possibilidades de feedback sem o recurso de efeitos, o perfecionismo de Shields custou a saída do grupo da Creation (hoje, My Bloody Valentine está na Island). Mas sua influência não tem preço. Só no catálogo da Creation, My Bloody Valentine inspirou Ride, Swervedriver, Slowdive, The Telescopes e Boo Radleys.
Primal Scream é o grupo de maior sucesso da gravadora. Um sucesso bastante tardio. A banda tinha a melhor música do cassete "C86", lançado pelo jornal "New Musical Express", que batizou a cena da metade dos 80.
Seu primeiro álbum era psicodelia pop no estilo dos Byrds. O segundo vestia couro e gritava rock'n'roll. Mas foi o terceiro que rompeu fronteiras. "Screamadelica", um álbum duplo, não menos, misturou baladas produzidas por Jimmy Miller, o homem que fez "Exile on Main Street" e "Beggar's Banquet" dos Rolling Stones, com faixas dance assinadas por The Orb e o DJ Andy Weatheral. Primal Scream virou a única banda a ir do blues à ambient house no mesmo fôlego.
A atual geração da Creation tende para a distorção romântica, representada por Velvet Crush, Medicine, e pricipalmente pela banda escocesa Teenage Fanclub e a americana Sugar, de Bob Mould, ex-Husker Du. (Marcel Plasse)

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