São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Chefe dos 'capacetes azuis' é um intelectual

DA "REUTER"

A contagem regressiva para o ataque aéreo que a Otan ameaça fazer contra os sérvios em torno de Sarajevo opõe a mente militar de um comandante britânico das forças da ONU à astúcia balcânica dos líderes sérvios e muçulmanos.
O general Michael Rose, nomeado comandante das forças de paz da ONU na Bósnia há menos de um mês, é um intelectual formado em Oxford e na Sorbonne. Tem a fama de ser um dos militares mais excepcionais de sua geração.
Três comandantes anteriores das forças da ONU na Bósnia deixaram o cargo desanimados com a falta de consenso internacional sobre a guerra e confusos com a tendência balcânica de concordar em fazer uma coisa, mas fazer outra.
Aproveitando a consternação com que foi recebida a explosão de uma granada no mercado central de Sarajevo, no dia 5, Rose intermediou um cessar-fogo local que reduziu o número de mortos pela guerra que chegaram ao necrotério central da cidade de 98 na primeira semana de fevereiro para apenas um na semana passada.
Mas os críticos temem que Rose esteja negociando os termos do ultimato da Otan com os líderes sérvios de uma maneira que pode enfraquecer a ameaça de ataque. As críticas não parecem preocupá-lo.
"No que me diz respeito, existe por parte do outro lado uma disposição de cumprir as exigências feitas", disse o general. Ele está tão confiante na paz que já discute a restauração dos serviços públicos na capital e a abertura de estradas para uso civil. Comandantes anteriores da ONU tinham as mesmas esperanças. O general francês Phillipe Morillon chegou a declarar, em meados de 1992, que a guerra bósnia estava quase no fim.
Rose, 54, que comandou o regimento de elite Special Air Service (SAS) em operações secretas na Guerra das Malvinas, em 1982, não se preocupa com a possibilidade de ser enganado. "Sou capaz de pensar em todos os 'ses' tão bem quanto eles", disse.

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