São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994 |
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Mascar droga é hábito local
CHRIS HEDGES
Os homens iemenitas passam o fim de cada dia mascando as folhas verdes do "khat", que provoca "viagens" semelhantes às da maconha. Logo me vi sendo obrigado a recusar a enxurrada diária de convites para mascar "khat", que deixa os neófitos incapacitados até a manhã seguinte. Os convites dos líderes das duas principais facções políticas, e mesmo da associação dos empresários, sempre tinham os dizeres: "Almoço às 13h. A seguir, mascar 'khat"'. O "khat" é uma parte tão essencial da cultura iemenita que, se você se relacionar com iemenitas de qualquer classe social, será difícil não experimentá-lo. Diplomatas americanos às vezes mascam "khat" com altos funcionários iemenitas, apesar de a substância ser considerada ilegal nos EUA. Quando um grupo de iemenitas puritanos pediu a erradicação do hábito, eles foram tão criticados pelo público que optaram por recomendar apenas seu uso moderado. No início da tarde, os homens, armados com um ramo de "khat", voltam para casa e se reúnem com os amigos para mascarem até o anoitecer. O montículo de folhas é colocado num lado da boca, onde cria uma protuberância, faz a saliva ficar esverdeada e provoca em quem não está acostumado uma sensação de deleite que arranca risos entre mascadores tarimbados. As transações de negócios e as discussões políticas que se prolongam por horas à base de chá e "khat" fazem parte do caráter letárgico do país, que zomba de um mundo repleto de computadores e telefones celulares. (CH) Texto Anterior: Hotéis do interior são precários Próximo Texto: Pampas foram 'descobertos' por francês Índice |
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