São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Quércia liga 'trator' contra 5 adversários

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais uma demonstração de que sua principal estratégia nesta campanha eleitoral será o ataque, o ex-governador Orestes Quércia voltou ontem a criticar cinco de seus principais adversários. "Vamos ligar o trator quercista e passar por cima dessa gente toda", afirmou. Desta vez, os alvos quercistas foram Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, além de Ciro Gomes e Antônio Britto, que já vinham sendo atacados.
"O risco que corre o pau, corre o machado. Eu não serei bonzinho nesta campanha", disse. Quércia comunicou oficialmente ao PMDB paulista que é candidato a presidente da República. Disse haver "possibilidade de entendimento" entre ele e o governador do Rio, Leonel Brizola (PDT). No discurso feito na sede do PMDB, Quércia atacou Lula: "Apertem os cintos que o piloto sumiu". Referia-se ao fato de Lula ter abandonado reunião do PT para decidir se a bancada participa ou não da revisão constitucional, sem votar.
O ex-presidente do PMDB demonstrou contrariedade com declaração de Lula, de que a direita estava indecisa entre ele e Paulo Maluf. "Candidato de direita é o Lula, com esse seu partido fascista", afirmou. E disse que ele era a opção de centro-esquerda.
Britto
Voltou a ser duro com o deputado Antônio Britto (PMDB-RS), apontado como alternativa do PMDB. Um dos dossiês quercistas sobre seus adversários informara que Britto havia sido expulso do Colégio Militar de Porto Alegre, aos 12 anos, por suposto envolvimento em furto. O deputado respondeu que se sentia feliz em explicar atitudes aos 12 anos, enquanto Quércia tem que explicar irregularidades cometidas a partir dos 48 anos, quando começou a governar São Paulo.
"A personalidade de cada pessoa é formada aos 12 anos, segundo todos os compêndios de psicologia", declarou. "Aliás, tem outra história de que ele foi adotado por um tenente. Mas ele tinha pai e mãe. Parece que foi para poder entrar no Colégio Militar".
Disse que vai colocar o governador do Ceará, Ciro Gomes, na cadeia. "Do governo do Ceará direto para o xilindró". Os dois vêm trocando acusaçOes há semanas e estão movendo processo um contra o outro. "O problema é que, na cadeia, ele não vai poder usar brinco. É muito perigoso", afirmou, irônico. O ex-governador "bateu" ainda em Mário Covas, candidato a governador de São paulo pelo PSDB, e Fernando Henrique Cardoso."O PSDB, com essa campanha aguada, não vai ganhar eleição nenhuma" (sobre a candidatura covista). "É uma candidatura água morna", disse, ao se referir a uma eventual candidatura de FHC a presidente.
Reação
Os adversários de Quércia reagiram. "Pelo menos em minha campanha poderei dizer que minha história política não produz vergonha", respondeu Covas. "O nível a que chegou o doutor Quércia revela seu desespero. Não vou contribuir para que a política brasileira e o PMDB baixem tanto de nível", declarou Britto.
Ao contrário dos outros adversários, o governador Luiz Antonio Fleury Filho foi poupado. No último domingo à noite, os dois se encontraram e Quércia voltou a solicitar o apoio do governador. Ao falar ontem sobre Fleury, houve um único deslize. O ex-governador disse que disputará a convenção do PMDB mesmo se Fleury se candidatar. O governador não gostou: "Política é uma via que se faz em duas mãos. E esta é uma declaração infeliz'.

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