São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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'Não aceito frente anti-Quércia', diz Fleury

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, despejou ontem um tonel de água fria na incipiente articulação contra Orestes Quércia, iniciada no PMDB. "Não aceito frente anti-Quércia", disse Fleury à Folha, reproduzindo frase que diz ter usado junto às lideranças do PMDB que o sondaram para enfrentar Quércia.
O que o governador aceita é uma frente pró-Fleury e é a ela que vai dedicar os próximos 15 ou 20 dias. O governador conta que muita gente lhe dá tapinhas nas costas e diz o que o apóia, mas suspeita que o gesto não é a favor dele e, sim, contra Quércia: se Fleury conseguisse destruir a candidatura Quércia, o PMDB poderia depois voltar-se para outro candidato.
Fleury confirmou que não haverá dois candidatos de São Paulo à convenção do PMDB. "Dividir o partido em São Paulo significa pôr em risco a vitória não só do candidato presidencial, mas também do candidato ao governo do Estado", afirmou. Se Fleury verificar nos próximos 20 dias, que tem apoios consistentes para ser o candidato, vai conversar com Quércia para preservar a unidade partidária.
A única fórmula pela qual Quércia poderia desistir da candidatura presidencial seria a sua candidatura ao governo paulista. Mas já é tarde. Quércia alega que, se for o candidato em São Paulo, o lado chamado ético do PMDB o abandonaria em favor de Mário Covas.
Restaria, portanto, apenas a hipótese de Quércia retirar sua candidatura se de fato Fleury empolgar a maioria do partido. O governador garante que não vai se lançar candidato (espera que alguém o faça) e jura que, se verificar que os apoios que obtiver forem apenas um instrumento para destruir Quércia, desiste da candidatura.
Nessa hipótese, Fleury afirma que "não descarta" o apoio a Quércia e até se dispõe a conversar com as demais lideranças peemedebistas para reconstruir a unidade hoje avariada. Com tudo isso, o cenário sucessório no PMDB afunilou para apenas dois nomes: Fleury e Quércia. (Clóvis Rossi)

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