São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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Procon prevê alta recorde para cesta básica

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O custo da cesta básica na cidade de São Paulo subiu 41,70% desde o início do mês até ontem. A alta projetada para fevereiro é 52%, se o ritmo dos reajustes for mantido. "Esse índice é recorde absoluto desde de março de 90, quando a pesquisa começou a ser realizada pelo Procon e Dieese", diz a diretora do Centro de Estudos do Procon, Maria Inês Fornazaro. A maior alta da cesta básica até hoje foi de 48,24%, registrada em dezembro de 93.
"Está ocorrendo remarcação preventiva de preços por causa das expectativas em torno do plano econômico e do novo indexador", afirma a técnica. Os produtos "in natura" foram os que mais puxaram a alta da cesta básica. O feijão carioquinha, que teve quebra de safra, liderou o ranking (183,88%). Depois dele estão a cebola (94,73%), o alho (58,58%), a batata (54,94%), a carne de segunda (49,90%), o queijo mozarela (49,46%) e o frango resfriado (48,47%).
A exemplo do que já se constatou na pecuária, a ausência de regras sobre a Unidade Real de Valor (URV) estaria provocando o repique nos preços dos produtos agrícolas, na avaliação de Fernando Homem de Melo, economista da Universidade de São Paulo.
Ele não tem os números fechados sobre a evolução das cotações de 11 produtos agropecuários recebidas pelo produtor na terceira semana do mês, mas prevê que essa reversão esteja ocorrendo. Desde o final de janeiro, o índice de preços pagos ao produtor, calculado pelo economista, vinha sofrendo forte desaceleração. Na última semana de janeiro foi de 37,9%; na primeira semana de fevereiro, 33,5%, e 31,2% na segunda semana deste mês.
Segundo ele, o efeito pré-URV nos preços dos produtos agropecuários não deve persistir quando o novo indexador passar a vigorar. Motivo: se os salários forem convertidos pela média, o poder de compra teoricamente se mantém e o consumo de produtos básicos também.
Os supermercados trabalham com esse mesmo cenário, só que a explicação é outra. O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Armando Jorge Peralta, diz que mesmo que ocorra aumento no poder de compra do salário, os preços dos alimentos não devem se acelerar. Hoje, ao contrário da época do Plano Cruzado, diz ele, tanto as indústrias como os supermercados trabalham com ociosidade de 40% e 30%, respectivamente, o que não justifica alta nos preços. O outro fator é que existe maior facilidade de importação de alimentos dos países do Mercosul, acrescenta.

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