São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Pelé quer saída de João Havelange da presidência

Ex-jogador defende mudanças no comando da Fifa

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Pelé disse ontem em Santos ser favorável à saída de João Havelange da presidência da Fifa. "A continuidade não é uma coisa boa", afirmou, referindo-se à reeleição de Havelange. "Não sei se apóio o Joseph Blatter. Só sei que não viajarei, como já fiz, pedindo votos para o Havelange", afirmou. Pelé disse que as últimas declarações de Havelange são "incoerentes". Ele acredita que o dirigente esteja "cansado, com estafa por muito trabalho e pela idade".
No último dia 22, durante entrevista em Nova York, Havelange disse que Pelé não representa mais nada para o futebol. "Além do mais, considero que o futebol não precisa mais da figura do Pelé, sobram personalidades", disse o presidente da Fifa. "Caso ele tenha dito isso, ele foi incoerente", afirmou Pelé. "Um homem que me convidou para ser representante da Fifa me deixa surpreso ao fazer essas colocações."
Pelé acredita que uma briga com Havelange, perto da eleição da Fifa, "não será muito boa para ele, ainda mais que é uma briga sem razão". Os motivos das declarações de Havelange contra ele, segundo Pelé, estão ligadas à acusação que o ex-jogador fez, dizendo que existe corrupção na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A entidade é dirigida pelo genro de Havelange, Ricardo Teixeira. "Minhas acusações estão na mão do meu advogado. Eu provei e não me arrependo."
Pelé teme que as acusações feita à CBF "causem ressentimentos na sua direção e isso possa prejudicar o Santos". "Pelo tipo de homem que ele é (Ricardo Teixeira) eu sei que isto pode acontecer", falou o atual diretor do clube.
Neste sentido, Pelé disse "estar mandando um recado para Teixeira": o Santos não tem nada a ver com as suas acusações de corrupção na CBF. "Eu já estou antecipando, para o dia em que acontecer alguma coisa. Tem um monte de coisas que eu não posso provar, quando puder eu provo", disse.

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