São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994 |
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Museólogos criticam descaso com as obras
MARIO CESAR CARVALHO
"Museu sem acervo pode existir, mas é mais ou menos como a mula sem cabeça: por mais que solte fogo pelas fuças nunca desempenhará bem o papel de mula", compara Ulpiano Bezerra de Menezes, 57, diretor do Museu Paulista da USP e professor de história da mesma universidade. Segundo Marlene Suano, 44, professora da USP com especialização em museologia em Leicester (Inglaterra), despreocupação com acervo "é coisa de quem entendeu muito mal o conceito de museu estilhaçado dos anos 70". É nessa década que começam a proliferar nos EUA e na Europa museus que tentam trocar o claustro por contatos com a comunidade. Os resultados nem sempre foram positivos. "Muitos desses museus se relacionam com a comunidade da mesma forma que os postos de saúde no Brasil dos anos 40", diz Marlene. Suas principais atividades não giram em torno de uma coleção: eles abrigam encontros de fins-de-semana e passam filmes. "Museu não é para isso. Tem que coletar, preservar e produzir conhecimento novo", define. Marlene é talvez a única brasileira que tem algum tipo de experiência com museu e emigrantes. Há seis anos ela participou de um levantamento sobre emigração para o Arquivo Histórico de Molise, no sul da Itália. Depois de ouvir 1.850 italianos que haviam emigrado para o Canadá e a Austrália, o projeto chegou à conclusão de que 80% deles haviam jogado tudo fora. O projeto de criar um museu naufragou por falta de dinheiro e falta de acervo. Texto Anterior: Governo Fleury cria museus sem acervo Próximo Texto: Mulher do vice dirige Museu da Imigração Índice |
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