São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994 |
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Carta defende Sambódromo
DA REPORTAGEM LOCAL Um abaixo-assinado que já conta com mais de 300 assinaturas está denunciando a "insistência da prefeitura do Rio de Janeiro em desfigurar" o Sambódromo. O documento defende a "a integridade artística" da obra de Oscar Niemeyer e protesta contra o que considera um "desrespeito à Justiça e à cultura do país".Trata-se de mais um capítulo na polêmica iniciada no começo de janeiro quando a Riotur –órgão da prefeitura carioca que organiza o Carnaval– determinou a construção de 42 novos camarotes e 220 frisas que somariam 5.400 novos lugares. A intenção –segundo a Riotur– era permitir o acesso de número maior de expectadores, o que seria bom para todos, público, escolas de samba e prefeitura. Mas as estruturas, mesmo que provisórias, alteravam o projeto original de Niemeyer e o arquiteto entrou com ação na Justiça exigindo que a obra fosse interditada. No dia 19 de janeiro, o juiz da 8.a Vara da Fazenda, Henrique Figueira, determinou a suspensão da montagem das estruturas alegando que a instalação dos módulos provisórios descaracterizava o projeto. No dia 25, o governador em exercício do Rio de Janeiro, Nilo Batista, determinou o tombamento provisório da Passarela do Samba, atendendo à sugestão do senador Dacy Ribeiro (PDT-RJ). O tombamento seria uma forma de impedir que o projeto original fosse descaracterizado. Dias antes, Ribeiro tinha classificado a decisão da Riotur de "ato de boçalidade" e de "vandalismo contra o Carnaval carioca". O presidente da Riotur, José Eduardo Guinle, saiu na defesa dos novos camarotes acusando o grupo do governador Leonel Brizola de fazer "uso político do Carnaval". No dia 26 de janeiro, os camarotes começaram a ser desmontados e a Liga das Escolas de Samba do Rio convidou Niemeyer para elaborar o projeto de uma cabine onde ficariam os jurados. Mesmo com a decisão da Justiça, uma parte das estruturas provisórias foi mantido durante o desfile. O abaixo-assinado que continua circulando tem o objetivo de evitar que o Sambódromo sofra novas alterações. Entre os asssinantes estão o Instituto de Arquitetos do Brasil, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Engenharia (Crea), além de artistas, intelectuais e o próprio ministro da Cultura, Luis Roberto Nascimento e Silva. Texto Anterior: Disputa reduz poder de tráfico Próximo Texto: Contraste lamentável Índice |
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