São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Agressão é aprendida, diz médica dos EUA

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas americanos em violência contra e por crianças ficam estupefatos quando se trata de explicar casos em que o agressor tem menos de dez anos de idade. Mas são unânimes em afirmar que a agressão é algo que se aprende, e que uma criança violenta está reagindo a estímulos, que podem ser desde um desenho animado violento ou um abuso que sofreram.
"A causa da violência geralmente está na família", disse o advogado Paul Mones, autor do livro "When a Child Kills" ("Quando uma Criança Mata"), em entrevista por telefone à Folha ."A menos que se acredite no pecado original, que as crianças são naturalmente más", completa Mones. A especialidade de Mones é defender crianças que mataram seus pais.
"Em muitas situações as crianças não sabem o que estão fazendo", diz a médica Deborah Prothrow-Stith, da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard (EUA). Ela defende a tese de que a violência é uma questão de saúde pública, que deve ser tratada não só do ponto de vista do sistema judiciário, mas também com estratégias preventivas e de redução de fatores de risco. No caso da violência por crianças, há uma série de fatores de risco bem definidos.
"A violência é um comportamento aprendido, as crianças não a inventam", disse Prothrow-Stith em entrevista à Folha. Ou seja, criança que apanha também quer bater. "Eu ficaria surpresa se não houver uma história de abuso prévio nesse caso", diz ela, se referindo ao caso dos dois garotos ingleses que sequestraram e mataram James Bulger, de 2 anos. James foi encontrado morto perto de uma ferrovia. Ele foi partido ao meio por um trem e levou mais de 30 pancadas. Eles foram condenados a prisão perpétua.
Prothrow-Stith lembra que quando o caso foi noticiado ela estava justamente na Inglaterra e um motorista de táxi disse que aquilo era resultado "de muita televisão". Ela acredita que é a influência da mídia é um fato.

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