São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Terremoto estimula o trabalho em casa

JUDITH SCHROER
JULIA LAWLOR

JUDITH SCHROER; JULIA LAWLOR
DO "USA TODAY"

Depois do terremoto de janeiro em Los Angeles, o consultor Gary Saenger passou a gastar duas horas e meia diariamente para ir e voltar do trabalho. Com o fechamento por tempo indeterminado de algumas rodovias na região, ele não sabe quando sua rotina -uma hora por dia gasta em transporte– voltará ao normal.
"Para me defender, defender minha família e defender meus clientes, eu tinha de fazer algo", conta Saenger, 49, gerente de uma empresa de recolocação de executivos e orientação profissional. A solução para seu problema foi conectar-se ao escritório usando a tecnologia da telecomunicação, prática conhecida nos Estados Unidos como "telecommuting".
Saenger tem em casa uma sala com telefone, computador, modem e fax. Antes do terremoto, ele gastava cinco dias por semana na estrada, visitando clientes em cidades próximas e supervisionando quatro filiais. Agora, ele reduzirá essas atividades para quatro dias por semana. No quinto dia, pretende trabalhar em casa.
A estratégia do consultor é praticamente a mesma adotada pelos 7,6 milhões de profissionais –conhecidos como "telecommuters"– que já trabalham nesse esquema nos EUA, a maioria em empregos de meio período. Às vezes, vão ao escritório três ou quatro vezes por semana e trabalham em casa ou em salas alugadas pelas próprias empresas fora dos grandes centros nos demais dias. Para um profissional como o consultor Gary Saenger, mesmo um dia longe das congestionadas estradas do sul da Califórnia é um alívio.
Popularização
Ninguém espera que o "telecommuting" resolva o problema dos congestionamentos das grandes cidades. As autoridades locais desenvolvem campanhas para estimular as caronas, o uso do transporte público e os horários flexíveis de trabalho, mas são os problemas gerados pelos terremotos como os de janeiro que podem fazer esse sistema de trabalho se popularizar.
Um exemplo desse fenômeno aconteceu com a companhia de telecomunicações norte-americana Pacific Bell. Ela criou uma linha de emergência para ajudar as empresas a se ligar às casas de seus funcionários logo após o primeiro tremor. Atendeu 1.800 consultas.
Outro caso é o Antelope Valley Telebusiness Center, que fica xxx km ao norte do centro de Los Angeles e aluga espaços e equipamentos a empresas que têm funcionários trabalhando fora de seus escritórios. A ocupação média era de 15 a 20 salas por mês. Na semana seguinte ao desastre, a lista de espera era tão grande que os responsáveis pelo serviço já planejavam expandir o prédio dez vezes. No Valencia Corporate Telecommuting Center, um prédio com capacidade para 450 pessoas localizado xxx km a noroeste do centro, a demanda aumentou três vezes.
"O terremoto fez as empresas repensarem totalmente o valor do 'telecommuting"', diz Jim Backer, diretor de marketing do Valencia Center. "Antes elas preferiam ter as pessoas por perto. Agora perceberam que os profissionais podem ser mais eficientes se não tiverem que gastar tanto tempo no trânsito."
Controle
Uma das razões pelas quais o trabalho longe dos escritórios não está mais difundido é que muitos gerentes não querem perder o controle de seus funcionários. Por outro lado, os profissionais temem que a ausência do escritório signifique esquecimento, como no caso de uma promoção ou distribuição de prêmios.
Existe ainda o receio de que o ambiente doméstico estimule a dispersão. Segundo uma pesquisa com um grupo experimental de "telecommuters" em 14 Estados do Oeste dos EUA, a produtividade medida aumentou em até 20%.

Tradução de Ana Astiz

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