São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Copa mobiliza maior cobertura da história

PAULO D'AMARO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um pequeno exército de brasileiros vai invadir a cidade de Dallas, no estado americano do Texas, no começo de junho. São mais de 300 repórteres, locutores e técnicos de quatro emissoras de TV e 13 de rádio. Eles vão ocupar quase um quinto das cem vagas existentes no International Broadcasting Center (IBC), a central de estúdios montada para enviar ao mundo todo os sons e as imagens da Copa-94. As emissoras escondem as cifras do investimento, mas será a maior cobertura internacional já realizada no país.
"Na Copa da Itália, em 1990, enviamos pouco mais de 50 pessoas. Desta vez, o número pode chegar a 65", diz Teti Alfonso, diretor de eventos internacionais da TV Bandeirantes, que alugou um espaço de 300 metros quadrados para seu estúdio em Dallas. A emissora terá um canal de satélite com o Brasil 24 horas por dia. "Vamos transmitir todos os jogos possíveis", afirma. Se isso for feito, os brasileiros poderão ver 46 dos 52 jogos da Copa. Seis jogos não podem ser transmitidos por serem disputados simultaneamente.
O SBT, que teve uma atuação tímida na última Copa, deve levar 45 pessoas aos EUA e transmitir 42 jogos. "Vamos fazer cinco ou seis boletins ao vivo por dia, além do noticiário no 'TJ Brasil', direto de Dallas", informou Osmar de Oliveira, narrador e diretor de esportes da emissora.
Além de SBT e Bandeirantes, também estarão na Copa a Globo e a Globosat. A Globosat guarda segredo sobre como atuará na Copa e não revela quem serão seus narradores e comentaristas. "Só posso dizer que será uma transmissão diferenciada", diz Luiz Gleiser, diretor-gerente de programação.
A Rede Globo vai fazer a maior cobertura de sua história. "Serão cerca de cem pessoas nos EUA", diz Ciro José, diretor de esportes. Além da equipe de esportes, que conta com o narrador Galvão Bueno e Pelé nos comentários, deverão ser deslocados também profissionais de outras áreas, como Fátima Bernardes e Pedro Bial.
A emissora está montando um estúdio de 326 metros quadrados no IBC e aposta alto na transmissão dos jogos. Enquanto SBT e Bandeirantes exibirão imagens iguais, captadas pela empresa espanhola ESI (a mesma que transmitiu a Olimpíada de Barcelona), a Globo pretende adicionar suas próprias tomadas. "Estamos tentando obter permissão para colocar câmeras atrás dos gols e uma 'supermotion' sobre uma plataforma", disse Ciro José.
A câmera "supermotion", já usada nas eliminatórias, grava mais quadros por segundo que as câmeras normais. Isso permite nitidez muito maior nos replays em câmera-lenta.
Os narradores e repórteres principais vão acompanhar a seleção brasileira. "Teremos duas unidades móveis sempre onde a seleção brasileira estiver. Assim poderemos entrar com flashes na programação a qualquer hora do dia ou da noite", diz Ciro José. A Bandeirantes, que também terá um canal de satélite à disposição 24 horas por dia, pretende mostrar até os treinos do time brasileiro. "Isso se a CBF deixar, coisa que não aconteceu na última Copa, sob a alegação de que poderia ajudar os adversários", disse Teti Alfonso.
Rádios
As emissoras de rádio também vão em número recorde. São 13 no total, sendo 5 de São Paulo. No caso do rádio, a permissão para transmitir o Mundial foi 30 vezes mais barata do que para as TVs: US$ 100 mil. "Mas vamos gastar oito vezes isso com despesas operacionais", diz Fiori Gigliotti, diretor de esportes e narrador da Rádio Bandeirantes.
O problema maior é a inexistência das "LPs" (linhas telefônicas especiais), que, no Brasil, ligam as emissoras de rádio aos estádios. "Nos EUA, vamos ter que usar telefones celulares, que são bem mais caros", explica Gigliotti.

Texto Anterior: Teen brasileiro entra em campo na final
Próximo Texto: Dallas abrigará cem estúdios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.