São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Acima de 0 grau centígrado, pode-se obter gelo aumentando a pressão?

Ignêz Izabel A. Medeiros, 14, estudante, Curitiba (PR)

José Atílio Vanin, do Instituto de Química da USP, responde:
"Embora a vibração dos átomos da molécula de água (H–O–H, ou simplesmente H2O) ao longo das ligações O–H dependa da temperatura, ela não é muito afetada a O ºC e à pressão ambiente.
"Para perceber por métodos instrumentais variações nos movimentos de vibração das moléculas de sólidos, é preciso resfriá-los a temperaturas muito inferiores, como a do hélio líquido, -269 ºC. Mas a solidificação de um líquido se relaciona com movimentos de translação das moléculas, não de vibração.
"Em torno da pressão atmosférica, a temperatura de fusão do gelo comum (chamado de gelo I) diminui com o aumento da pressão.
"Isso se deve ao fato de a água originada na fusão ocupar um volume menor que o do sólido. Portanto, o aumento de pressão favorece a contração de volume que acompanha a fusão do gelo I.
"Contudo, acima de 2.000 atmosferas, a água se cristaliza em várias formas diferentes, originando os gelos II, III, V, VI e VII (sempre identificados em algarismos romanos), para os quais a temperatura de fusão aumenta com o aumento da pressão.
"Assim, o gelo VII a 25.000 atmosferas se funde a cerca de 100 ºC. É curioso que dentre as diversas formas cristalinas não existe aquela que seria numerada como gelo IV. Isso porque, depois de descrita, verificou-se que correspondia a uma das anteriores. O gelo IV foi um erro de identificação dos pesquisadores."

Correspondência para a seção "Sem Mistério" deve ser encaminhada à Editora de Ciência (al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01290-900, São Paulo - SP), com nome, idade, profissão e endereço. Não serão respondidas cartas com pedidos de aconselhamento médico ou psíquico.

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