São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Palestinos exigem concessões de Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Representantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) disseram ontem que precisam de concessões de Israel para continuar o processo de paz. O governo israelense condenou o massacre, mas não está disposto a atender nenhuma das exigências palestinas.
"Precisamos dar ao nosso povo segurança e proteção e, ao mesmo tempo, esses grupos armados e colonos armados devem ser desarmados, ou se tornarão bombas-relógios", afirmou em Túnis (Tunísia) o líder da OLP, Iasser Arafat.
"Eles estão matando o processo de paz. Para persuadir o povo palestino a continuar o diálogo, precisamos mostrar mudanças de Israel", disse Faiçal al Husseini, líder da OLP na Cisjordânia.
"O que aconteceu é ultrajante. É ultrajante que mesmo depois do massacre de dezenas de palestinos as pessoas falem de continuar o diálogo como antes", disse Nabil Shaath, líder da equipe de negociações palestina. "Temos que esperar as medidas dos EUA, ONU, e Israel antes de retomar o processo de paz."
O chanceler da OLP, Farouk Kaddoumi, afirmou em Túnis que não haveria conversações de paz com Israel em Washington, a não ser que fosse garantida proteção internacional aos palestinos dos territórios ocupados e que fossem retiradas as colônias judaicas. "Continuar as negocições é impossível agora", disse Kaddoumi em um comunicado.
Arafat ordenou que os negociadores voltassem para a Tunísia e escreveu à União Européia pedindo ajuda internacional. Ao final do dia, ele teria dado aprovação condicional à continuidade das conversações de paz em Washington.
A União Européia condenou duramente o massacre e disse que Israel é responsável pela segurança dos palestinos, mas pediu a retomada urgente do processo de paz. O Conselho de Segurança da ONU tinha marcada para ontem à tarde uma reunião para condenar o massacre. Os termos que estavam sendo preparados eram duros, mas não incluíam pedido de estabelecimento de um força internacional de proteção aos palestinos, como quer a OLP.
"Sob nenhuma circunstância uma força internacional terá poder de trazer a paz total; a paz é coisa para estadistas", afirmou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres. Ele pediu que os palestinos não suspendessem as conversações. Segundo Peres, a suspensão seria uma rendição aos elementos de linha dura que procuram desbaratar o processo de paz.
O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, revelou a diplomatas que o massacre é repudiado unanimente por todos os setores políticos do país. Ele disse que Israel e EUA esperam uma resposta da OLP, mas que as conversações de paz devem ser retomadas quarta-feira em Washington.
Vários grupos palestinos juraram vingança contra os israelenses pelo massacre. Ontem houve manifestações na Síria, Jordânia e nos campos de refugiados palestinos no Líbano. Grupos islâmicos da Jordânia conclamaram a população a uma greve. O governo libanês decretou luto oficial na próxima quinta-feira.
Em Paris, cerca de 200 manifestantes fizeram uma manifestação contra o massacre perto da Torre Eiffel. No Marrocos e no Irã, a comunidade judaica condenou a chacina.
Segundo a agência de notícias "EFE", fontes militares israelenses confirmaram que soldados que estavam perto da mesquita em Hebron também teriam disparado e poderiam ter matado alguns dos muçulmanos massacrados.

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