São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Livro proibido do teólogo Leonardo Boff vai ser relançado até junho

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Livro proibido do teólogo LeonardoBoff vai ser relançado até junho
O livro "Igreja, Carisma e Poder", do teólogo Leonardo Boff –proibido pelo Vaticano desde 1984– será relançado até o início de junho pela editora Ática. A publicação do livro, em 1982, gerou uma polêmica com o Vaticano que culminou, em 1985, com a imposição de um período de "silêncio obsequioso" ao teólogo. O relançamento do livro será possível porque a Ática não é ligada à Igreja Católica, ao contrário da Vozes, responsável pelas primeiras edições da obra. Boff calcula que tenham sido vendidos 50 mil exemplares do livro.
Em processo de desligamento do sacerdócio e da Ordem dos Franciscanos, Boff incluiu na nova edição uma resposta inédita ao documento da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé que condenou as teses defendidas no livro. Além desta resposta, na nova edição serão publicados outros documentos relativos à polêmica, inclusive o texto da condenação do Vaticano. Parte dessa correspondência entre Boff e o Vaticano já havia sido publicada no livro "Roma Locuta", que também teve sua circulação suspensa por determinação do Vaticano.
Em "Igreja, Carisma e Poder" Boff acusa a Igreja de ter instaurado a "ditadura do clero". No livro, Boff afirma que a estrutura de poder na Igreja reproduz o mesmo sistema de dominação implantado em sociedades opressoras. Para Boff, a alternativa a isto seria uma inversão da hierarquia na Igreja: o poder passaria a ser concentrado nas comunidades de base. Os padres e bispos passariam a ser representantes destas comunidades.
Um dos principais formuladores da Teologia da Libertação (corrente que une elementos marxistas à tradição católica para propor modificações na Igreja e na sociedade), Boff sofreu várias punições do Vaticano. Em 1992, ele anunciou que estava solicitando ao Vaticano sua "redução ao estado leigo', ou seja, seu desligamento do sacerdócio.

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